Ou sobre o clima. Ou sobre a ausência. Ou sobre o amor.
As palpitações cardíacas tornam-se
mais fortes, a perna se move freneticamente e eu confiro as horas de minuto em
minuto. Cada intervalo parece demorar mais. Ainda não é hoje, mas posso prever
com exatidão o dia seguinte. Na espera, uma quantidade de lembranças bonitas
que se repetem minuciosamente e descompassadas ao tempo daquele quarto.
Finalmente a ansiedade tem seu fim. Aquela batida na porta chega, a que eu
reconheceria ainda que fosse surda. E eu chego ao corredor quase que em um
passo só, desfazendo a volta na fechadura numa velocidade digna de medalha
olímpica. Não preciso perguntar quem é. O ar já foi tomado pelo cheiro da familiaridade. Se fosse um filme, esse seria o momento em que tudo aconteceria
em câmera lenta: nossos olhares se encontrando e eu enlaçando o seu corpo, tão
maior que o meu, como se você coubesse na palma das minhas mãos. Não há música,
mas ainda assim uma melodia toma os meus ouvidos e me faz querer dançar. Nesse
exato instante, uma enxurrada de endorfina é liberada em mim de forma que meus
músculos faciais formam um sorriso que você perceberia mesmo que não visse meu
rosto, que se manteria colado ao seu ombro. Percebe? Fica fácil considerar justas as variações de tempo: até os dias mais quentes se tornam
chuvosos quando me falta o seu abraço. É aí que abro os olhos e ainda estou aqui, na
chuva, coração na mão, saudade no peito, deixando essa cena se repetir mentalmente mil vezes antes de te ver chegar.
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