sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Here we go

"(...)Um pouco triste reconhecer: não tenho mais me surpreendido com nada. Mas aí você pergunta se pode dar um tempo segurando minha mão, como naquela música velha, qual?, aquela dos Beatles, você diz. E fica ali mensurando meus dedos, querendo saber significados de aneis, alisando palmas com o indicador, se fazendo de bobo como se soubesse ler nelas minha vontade de te ver amanhã, de novo - e eu vertendo um medo gelado e patético pelos poros. Odeio você quando tem de repente essas atitudes estúpidas e bonitinhas e diferentes dos outros. Eu me sentia bem melhor sem esperar nada da tela colorida do meu telefone. Aliás, ficou chato te dar o número errado, de propósito, é que faz parte do meu show.

Me conheço, se entrego tudo logo de cara, desenvolvo aqueles sintomas clássicos: os ruídos no estômago vazio esperando pra ver se vai mesmo ligar, em quanto tempo, se doze horas ou treze dias depois, e o que essa quantidade de tempo pode querer me dizer. Doida, eu sei, mas não é só isso. Tem também a versão psicótica de mim mesma imaginando o depois da ligação, que filme você vai sugerir no primeiro encontro, a primeira transa, como a gente vai engatar o tal relacionamento, em que partes do corpo sente cócegas, o que você vai achar do tamanho dos meus seios e da minha mania de comer presunto com mel. Quando vejo, lá vou eu, estou vivendo antecipadamente todo o enredo das coisas, sem deixar nada de bom pra realmente acontecer, facilitando o desencanto."

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

An ocean

I didn’t want my picture taken because I was going to cry. I didn’t know why I was going to cry, but I knew that if anybody spoke to me or looked at me too closely the tears would fly out of my eyes and the sobs would fly out of my throat and I’d cry for a week. I could feel the tears brimming and sloshing in me like water in a glass that is unsteady and too full.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Sem humildade

Por mais arrogante ou ousado que possa parecer da minha parte dizer isso, eu me senti exatamente como a Natalie Portman em Cisne Negro. Eu alcancei meu objetivo. Mesmo que essa dança tenha sido masoquista, mesmo que cada ensaio tenha sido extremamente doloroso, mesmo que por um breve momento: eu fui perfeita. Ainda assim, o eu que eu não era - só fui, por frações de segundos - não surtiu os resultados esperados. Mas quem espera algum resultado quando o objetivo é apenas se vencer? Eu consegui, com honras e méritos. Com direito a me auto-parabenizar todas as manhãs e morrer em paz. Quanto às peças teatrais? Novas virão. Para continuar com o prêmio de melhor atriz, só preciso continuar usando o melhor de mim, como já exposto por uma amiga: ser racional, persuasiva e diabolicamente esperta. Que abram-se as cortinas.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

E viveram felizes para sempre


Agora somos só eu, meus discos velhos e o cheiro da noite. Eu sei que devia ir a passos lentos, não tenho condicionamento físico e emocional que bastem para correr lado a lado com o meu desejo de mudança. Mas é que olhei uns textos velhos, um conjunto de fotografias em preto e branco. Não há mais nada. Não lembro dos dias doces. Só leio aquilo que você era pra mim e me sinto idiota. E me sinto perdida e me sinto exausta e me sinto leve e livre. E sensível. Como se eu soubesse do que estava por vir antes mesmo que viesse qualquer indício de um fim. Onze dias antes eu temi um dia acertar. Onze dias. Depois eu não quis perder você. Um dia depois você me perdeu, e não o contrário. Um dia depois eu me dei por conta de como foi generoso da sua parte ter me deixado ir. Sabe aquele pássaro que a Sylvia Plath falava e que eu li pra você naquele dia que chegou lá em casa à tarde? Então, o mesmo pássaro que batia fortemente as asas aqui dentro, finalmente saiu. E dessa vez, de verdade, eu estou em paz. Com crises de "como eu pude tentar tanto?", com a certeza de que eu não merecia ter suportado o que suportei. Com a convicção que citei uma vez, também por sua causa, ser a própria reencarnação de Adolf Hitler e estar pagando todos os seus pecados. Já paguei. Já doeu o que tinha de doer. Já foi a história mais masoquista e doente que eu vi na vida.  Passou.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

One by one

Trilha sonora

De repente, era tanto amor que a vida começou a parecer comédia romântica americana. Um casal, sem intenções de se apaixonar, acaba passando tanto tempo junto que quando nota já tem uma música melosa servindo de trilha sonora pra cada vez que um pensa no outro. Eles vão e acabam tudo. Porque a mulher instável e o mocinho que não pensa no futuro decidem não mais precisar de se precisar. Cada um toma seu rumo e, de repente, aquela música vai tocar de novo. Então eles vão ver que se amam. Um vai estar na Austrália e o outro em Tókio, mas sempre haverá aquele reencontro em Nova York e aquela música de fundo e aqueles olhos de emoção. Enchendo o coração de milhões de pessoas de ilusão acerca de as coisas darem certo, que basta tocar a música, que basta uma ligação e um "eu te amo". E assim a vida parece fácil. Você vai encontrar uma pessoa sem maiores intenções e com o tempo vocês vão viver uma porção de coisas bonitinhas e vão brigar, vão sofrer juntas, vão odiar uma a outra nem que seja só por um dia, e, no fim das contas, vai haver uma música embalando todo esse romance sem comédia... mas a música não vai adiantar. Vai doer do mesmo jeito e ele não vai pegar um avião para ir te ver. Você vai torcer pra que não pegue sequer o celular e te mande um sms na madrugada, porque vai ser mais fácil assim. E as coisas são simples, só depende de você: basta substituir aquela música por outra mais animadinha, mudar o toque do celular ou as combinações de look que você usava quando saiam juntos. Toque sua vida pra frente, é simples. Não é como nos filmes que haverão dias de choro, até podem haver, contudo sem a necessidade de mudanças de casa, viagens extraordinárias e um guarda-roupa inteiro novo pra conseguir deixar a pra trás aqueles momentos vividos com o outro alguém. Pode ser que você precise mudar o número de celular. E aquele número dele que você sabe de cor? Tem dois meses pra esquecer. Quando não se tornar mais uma constante, aquele número, vai ser fácil esquecer também. Quando você lembrar da pessoa, é só substituir aquela musiquinha bonitinha por um rock progressivo e pensar em todas as vezes que ela te fez sofrer. Assim você vai ter a certeza de como é solucionador acabar um relacionamento. De como, com o tempo, tudo se cura e tudo se sai. Por mais difícil que possa parecer na primeira noite. Pessoas são substituíveis, sim. Até porque, querida, se deu errado com alguém, você não deve procurar outra pessoa como aquela, e sim alguém que corresponda às suas expectativas. Ou melhor, você não deve procurar ninguém. Deixa aparecer sem procura. Aparece. Rápido, além de tudo. E, de repente, num dia qualquer, talvez não tão distante: você vai estar jantando fora com o novo protagonista da sua comédia romântica e vai tocar aquela música que foi trilha sonora da anterior. Mas você não vai sentir o coração apertar de saudade, vai sentir o coração apertar com a volta do amor ao peito. É que o amor, meu amor, nada mais é que um rádio ligado no máximo e a vontade de viver uma história de filme.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

I can't stand

Then love, love will tear us apart again.


terça-feira, 29 de novembro de 2011

Vou pra rua e bebo a tempestade

Com tantas combinações de dias e horas que existem no ano, por que eu tinha que nascer logo virginiana com ascendente em virgem? O destino quis brincar de ser sacana e foi. Essa minha mania de exatidão me dói tanto, não obstante a vida cheia de desgraças, ainda tenho o ônus de acreditar/esperar que os outros sejam como eu. Seria fácil até, se todos fossem assim. Mas como posso me achar tão exata se nem consigo entender o que é que me faz se sentir desse jeito agora? Eu espero dos outros o que eu faria. Não é assim, Vanessa, desse jeito vai doer sempre. E dói. E eu não canso de apanhar. É tão difícil ser sozinha, desse tipo de solidão. Não tem nada de silencioso na minha dor, esse pranto grita. Nem o som ligado no volume máximo e a voz de um ou todos os cantores de blues do mundo conseguem abafar. Nem a edição de 30cm em couro daquele livro que eu já li algumas vezes consegue esconder a lágrima que escorre vagarosamente até cair na minha boca. É um jeito estranho de não saber o que fazer. De mexer o cabelo e esperar a outra pessoa dizer o que você precisa ouvir e ela ir embora. É a indecisão mais voraz do mundo, quanto a não saber se é melhor ficar sozinha ou sair de casa e assistir sozinha ao novo desfile da Victoria’s Secret. Então eu digo que vou, ligo o chuveiro e desisto de ir. Tomo meu banho e me jogo na cama. E desejo que tivesse alguém ali que pudesse me abraçar enquanto meu choro se confunde com a água do meu cabelo. Uma vontade de estar na casa dos meus pais, por mais que não fizesse diferença, nem sei por que. Queria estar em qualquer lugar que não este. Queria ser qualquer pessoa que não eu. Nessas horas, até amigos eu queria ter. Sei lá, alguém que eu pudesse ligar mesmo que pra não dizer nada. Que pudesse ouvir meu silêncio com atenção, sem descaso. Então eu ligo pra você, que sempre acaba, de alguma forma, sendo o único indício de fortaleza – mesmo debilitada – que eu posso ter. Mas e então... eu ligo e pareço não falar coisa com coisa e não falo. E você não entende e desliga. Então eu ligo de novo e te faço acreditar que eu estou com raiva quando a única coisa que eu tenho é tristeza, vazio, solidão. Não era isso o que eu queria dizer, aquilo, quis dizer. É sempre mais difícil te explicar. Principalmente, porque diga o que disser, sempre vai parecer que eu estou te culpando de alguma forma e eu não estou. Eu só queria colo. Alguém que ficasse em silêncio comigo, enquanto eu grito por dentro. E que meus gritos interiores se comunicassem com os teus e eles se sentissem próximos como por vezes eu me sinto de ti. Mas não sou. Você não me conhece e isso me assusta. Por mais assustador que pareça pra você, quem mais teme sou eu. Desliga mais uma vez o celular e eu me entrego à minha tristeza. E volto ao banho e me visto e me preparo pra sair e pra mudar de vida. De que adiantaria sair agora? Queria fugir dessa solidão, ver alguém, a única pessoa que eu agüentaria passar mais de dez minutos hoje é justamente a que menos faz questão de estar comigo. E é chato esse peso de ser um fardo na vida de alguém. Eu sei, todo mundo tem direito de estar mal, não quero te forçar a querer estar comigo. Nem eu queria estar comigo. Queria que passasse. Queria que alguém chegasse e me dissesse que vai passar, por mais que não passe, ou por que não passa, por que não é fácil, porque não passa, porque não é fácil. Volte pra dentro de mim, Vanessa, não queira sair pelos olhos, já te perdi demais. Passa, tempo. Faz-me esquecer, deixar de lado, como já deixei outras vezes. Tenta me adormecer. Mesmo Chico Buarque já tendo me dito e provado inúmeras vezes que não faz a dor passar. Faz o tempo. Um dia vai bastar.

domingo, 20 de novembro de 2011

Meu medo é um dia acertar


"Você anda triste, quieto e nervoso, e não fala comigo. Isso me irrita e dá câncer. Odeio me dar conta que no final somos felizes apenas em fotografias. Que nossos sorrisos em conjunto cabem muito bem no colorido e luminoso do papel. Nas brigas recorrentes, sorrisos só de ironia e sarcasmo, sorrisos que se calam depois de portas batidas. Eu não perco por me angustiar, você brinca com minha aflição. Quanto tempo demora pra esfriar uma cabeça? A minha congelou e você nem desceu as escadas. Eu ligo, mas este telefone está impossibilitado de receber chamadas. Ou não atende por pirraça.
Isso de viver intensamente, à flor da pele, usando contra mim os espinhos que deviam me proteger, já me rendeu lágrimas e dores de cabeça. Eu vivo como se cada dia ao seu lado fosse o último, meu medo é um dia acertar. Volta correndo pra cá, não aprendi a esperar. Você me dá certezas, mas sempre me deixa com vagas promessas. Parece que foi, mas talvez possa voltar. Mas não responde. Parece até saber que fico assustadoramente feliz com esse melodrama de ser uma mulher incessantemente triste.
Aí você me liga mais tarde e diz sentir falta minha. E que agora devo estar andando de lado a lado, agoniada, em busca de sinal. E revirando fotografias. Eu odeio fotografias e sua intuição barata. Você acha que sabe tudo sobre meus gestos e segredos e isso me deixa claustrofóbica justamente por ser verdade. Parece assim que você me fez. Então eu me faço. Fria e indiferente, numa crueldade que só uma mulher machucada é capaz. Mas você me olha e me enxerga e isso me apavora. É por isso que tento esconder no telefone minha vontade de passar 50 dias inteiros por semana contigo, nervoso, fitando o nada, tanto faz.
E mesmo com o coração cheio de nós, não dou o braço a torcer. Minha infelicidade vem de tempos, depois da sua aparição, ela só ficou mais sorridente. Abro a porta e grudo os olhos num filme dublado ou na janela aberta, pra fazer um "quê" de que o mundo lá fora tem argumentos melhores que os seus. Porque tudo me importa mais que sua voz convincente. E não me toca enquanto fala, ou meus poros e pelos me passam pra trás e assim meu jogo não vai pra frente. Vai falando, digo daqui se tá ou quente ou tá frio.
Não me resta dúvida, comigo você tem uma dívida. Não importa quantas vezes me fez rir e gemer no escuro do edredom, olha na minha cara de "vivo-feliz-com-ou-sem-você" e me diz se já não é hora de desafogar minhas pendências femininas, te contar de cada ofego, cada medo, cada lamúrio meu, tudo mentira, só pra ver se você tá mesmo atento. Sua impaciência te deixa mais burro que a porta que se fecha. Você diz que sou feito uma pedra no caminho do nosso acordo, mas só se for um daqueles montinhos de açúcar que empedram com o tempo e logo derretem no calor da boca.
É claro que aceito beijos e desculpas, minha desconversa é um mecanismo pra separar os babacas dos frouxos dos escrotos. E eu até estranho você ser um moço tão bacana, que só anda nervoso, achando que vai dar tudo errado em algum plano que não sei qual é. Pode ficar, eu deixo, mas só se você pegar no tranco e falar. Não sou sua mãe, mas pode chorar um pouco se quiser. É até bem bonitinho. Me deixa provar que também sei ouvir, pra depois a gente decidir onde comer e tudo seguir dando certo."

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dá pra fugir de tudo, menos do que se é.

A questão estava aquém. Era o que mais doía, não saber o que doía. Mas doía. E ainda dói. Ninguém tem o direito de querer falar sobre a minha solidão, ninguém pode supor que consegue entender as minhas angústias ou subestimar os meus amores, os meus acasos. Nem eu. Nem mesmo eu tinha o direito de me levar tão pouco a sério. Não é uma questão de amadurecer pensamentos com o tempo, isso tudo já amadureceu tanto que caiu da árvore e deu outros frutos, ainda mais podres. É tudo de uma podridão tão grande que eu fecho minhas narinas e meus olhos e minha mente pra tudo que há de vir. E também nem sei se há de vir alguma coisa. Nem faço questão que venha. Por mais que, quando chegue a alta madrugada e eu me veja sozinha aqui dentro – não só dessa casa, mas dentro de mim – eu tenha vontade de chorar. E não chore. Como que para provar a mim mesma que ainda sou forte e que nada disso me atinge. Mas atinge tanto que rangem meus ossos, que mal consigo ficar de pé. Que todo mundo pergunta se eu não tenho dormido direito. Sei que há algo errado comigo. Alguma coisa fora do lugar. Alguma coisa ou tudo. Sou toda desordem. E nem adianta tentar organizar, é em vão. É o tipo de coisa que está predestinada, embora eu não acredite em destino. Nem em destino, nem em Deus, nem em acaso, nem na vida, nem em mim. Completamente desacreditada. Não é por isso que eu sou infeliz, é por escolha. Preciso achar o caminho de casa, cansei de ter me perdido. Cansei de tanta coisa. Até de fingir que me importo quando sou toda indiferença. E sou. Indiferentemente triste e melancólica e deprimida e cheia de sorrisos forçados. Nada disso é tristeza, só indiferença. Vai passar.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Chuva

"Chove lá fora
Qual chuva dentro do meu coração
Sinto a tristeza caindo, em pingos de dor.
Solidão.
É ruim ter tanto amor, sendo só
Que o sol não ousa nem chegar
E só Deus pode me consolar dessa dor
Ah! como você foi ruim.
Nem meu pranto fez você ficar
Nem a chuva fez você voltar."

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

If I had...

“I want to taste and glory in each day, and never be afraid to experience pain; and never shut myself up in a numb core of nonfeeling, or stop questioning and criticizing life and take the easy way out. To learn and think: to think and live; to live and learn: this always, with new insight, new understanding, and new love.”  love. love. love.

Is there no way out of the mind?

É estranho me sentir desse jeito de novo. Quantas personalidades eu tenho? Não sei se consigo lidar com minha própria indiferença. Apavora. Sufoca. Uma vontade esquisita de ficar sozinha e ilhada. Como se a única coisa capaz de me trazer bem-estar fosse uma semana inteira trancada nesse apartamento, sem celular, sem internet, sem livros, sem ninguém. Só eu, minha solidão e um café, ou dois... Eu preciso de imparcialidade. Preciso ser racional. E sou tanto que não pareço humana. Preciso ser mais humana, queria precisar mais dos outros. Onde está a saída de emergência? Não agüento mais ter que me agüentar.

Tato, olfato, audição, visão e loucura.

O barulho das chaves dando a volta na fechadura arranca de uma delas um sorriso de canto de boca. Uma forma sutil de perguntar “o que tem pra hoje?”. Remete diretamente à Laranja Mecânica. À ultra violência. Aos tantos filmes, livros e segredos em comum daquelas duas. E à semelhança gritante existente entre elas, contrastando tanto com seus gestos calculados. A certeza da ausência de pudores desnecessários. Como se o mundo as temesse... e com motivos. O barulho dos saltos ecoa pelo corredor tão alto que não se escuta nada além. Em silêncio, as mulheres caminham lado a lado, sem destino certo e cheias de más intenções. Para elas, também a maldade é uma questão relativa. E também García Marquez concordava que moral era uma questão de tempo, não de valores. Sem trocas de palavras, ambas diminuem a velocidade dos seus passos também tão iguais, e se beijam. O barulho daquele silêncio eloqüente é suspenso pela voz de uma delas, que se dirige a um estranho, que por possuir suas mesmas e peculiares características retribui com um outro sorriso, mas com a mesma malícia. Também o estranho possui alguém que se assemelhe diretamente a ele. E, por uma questão não só de matemática, mas de instinto, os quatro se entendem tão bem quanto se fossem só um. Ou talvez até melhor do que com si próprios. Como que ligados por algum ímã, seus corpos tendem a se aproximar numa velocidade excepcional. O barulho baixo de algum disco de rock alternativo é rapidamente substituído por suspiros intensos e ordenados. Num outro cômodo, um som abafado de risos. Um cheiro de loucura e risco no ar. E há algo no mundo que desperte mais o desejo? Pode até haver, meus caros, mas se houver, todos eles desconhecem. E também não importa. As bocas com gosto de álcool e vontade não se largam por um segundo sequer, a certeza de que algo com aquela intensidade não acontece todos os dias aguça mais ainda o querer entre os quatro. O som parece cada vez mais distante e de repente não há barulho nenhum. Só tato. E se tocam e se sentem e sentem vontade de se aproximar ainda mais. A noite está acabando. Poucas horas, muita atração. Rapidamente agora se beijam, ele, ela, eles. Seus rostos inocentes agora indicam um outro subentendido desejo, o de não parar por ali. O bom senso chama. Sem mais delongas, sem entender muito bem, em passos rápidos, as duas vão embora, paralelamente. Tão paralelas quanto as vidas que carregam nas costas. Quanto os segredos que aquelas mentes preferem guardar numa área restrita e perspicaz dos seus cérebros. No dia seguinte, O barulho do despertador faz um deles acordar com gosto de ressaca na boca. Olha para os lados, não há mais ninguém ali. Nada mudou. Como se a noite anterior nunca tivesse acontecido. Ou se nada daquilo tivesse passado de um sonho psicodélico, desconexo, mas indubitavelmente fascinante... e ameaçador.

domingo, 6 de novembro de 2011

Dreamdust

- Do you know what a poem is, Esther?
- 'No, what?' I would say.
- A piece of dust.

Then, just as he was smiling and starting to look proud, I would say, 'So are the cadavers you cut up. So are the people you think you're curing. They're dust as dust as dust. I reckon a good poem lasts a whole lot longer than a hundred of those people put together.'

And of course Buddy wouldn't have any answer to that, because what I said was true. People were made of nothing so much as dust, and I couldn't see that doctoring all that dust was a bit better than writing poems people would remember and repeat to themselves when they were unhappy or sick or couldn't sleep.

sábado, 5 de novembro de 2011

Como transformar lágrima em canção

"Ora, quem aqui não sabe o que é se sentir sozinho?"
Não sei se pela brisa com cheiro de chuva, por estar de volta à casa dos meus pais ou pela trilha sonora, hoje me bateu uma nostalgia tão forte. Como se eu pudesse voltar três ou quatro anos atrás só de fechar os olhos. E eu fecho, e eu sorrio. Não foram tempos fáceis aqueles, talvez não possa olhar pra trás e dizer que foram bons tempos, embora meu lado masoquista implore para recordar cada mínimo detalhe daquele período cinza. Ainda posso sentir o gosto de vodka barata na boca, na boca que dizia palavras tão desconexas, cheias de emoção e de dor. A boca de agora, a mesma que só cala. O período de agora não é tão diferente, se eu colocar tudo numa balança. Dói do mesmo jeito, como sempre doeu. Chego a pensar, inclusive, que é esse meu destino: passar a vida inteira deixando a vida passar por mim e deixando isso me atingir de uma forma doentia. Mas é engraçado como algumas coisas conseguem marcar a gente. Não sei se foram as pessoas, se foram as músicas de Zeca Baleiro embalando tantos porres e choros e risos e abraços e beijos e mordidas e nostalgia dos tempos que passaram e que agora eu não queria que voltassem, porque agora eu queria que outros tempos voltassem e talvez um dia eu queira que o de agora volte e eu nunca esteja satisfeita com o presente, nem com o passado, nem espere nada do futuro. Talvez nem haja um futuro. É tudo incerto. Menos eu. Eu não. Eu sou certa, eu só me conservo, infelizmente, sem mudanças. Nada de mudanças significativas, nada de impacto ou relevância. Eles não estão mais aqui, minha amiga que me abraçava e dizia que tudo ia ficar bem, agora abraça a própria barriga, o bebê que nascerá daqui a vinte dias, o seu filho, que tantas vezes ela vai se ver obrigada a dizer que tudo irá ficar bem, por mais que não fique, tal qual me dizia  que ficaria e que nunca ficou. O meu amigo, o que bebia doses puras de vodka e dividia o mesmo cigarro comigo, agora está longe demais daqui, bebendo doses puras de qualquer outra bebida e dividindo algum cigarro com outras pessoas. E eu fiquei só. Ou nem tão só assim, ainda restou a última de nós comigo. Eu e ela nos entendemos, mas sempre fomos as mais frágeis, as mais tristes. Talvez não as mais tristes, mas as que menos sabiam lidar com a tristeza. As inconformadas. As reclamonas. As que a vodka não conseguia aniquilar a dor, só acentuar. Restaram as recordações. Restou a certeza de um passado sombrio e bonito. Com amor. Meu, dela, deles. Por mais que o destino os tenha separado da gente. Ainda sorrio quando pego o telefone e posso ouvir suas vozes do outro lado. Como se voltar no tempo fosse uma questão só de mexer nos ponteiros do relógio, ou de por um outro calendário na parede. Nós quatro ainda nos entendemos bem, o tempo foi quem não entendeu a nossa necessidade de se ter por perto. Dói não ter por perto. E dói também, que quando a gente se tem por perto, não dá pra falar das mazelas da vida com aquele tom de cotidiano, há todo um resumo a se fazer, há meses de palavras presas, há palavras que se perdem nos meses e esquecem de sair. Há palavras que às vezes nem se perdem, mas são tímidas, não têm mais aquela audácia de outrora. É bonito, de qualquer forma. É saudável os ter. Eu sinto falta. Eu sinto um pedacinho de mim arrancado, ou melhor, sem hipérboles, um grande pedaço de mim arrancado, que ficou naquele passado triste. Boa parte veio comigo. Veio me abraça. E me faz lembrar de como eu sempre fui e sou só. De como eu gosto de ser assim. Do quanto isso sempre me atrapalhou e atrapalha. No fim das contas, eu só continuo sendo a reclamona. No fim das contas, meu mundo continua cinza e bagunçado. Nunca consegui ordenar minhas desordens interiores. Nunca consegui compreender a razão de me sentir e de ser desse jeito. No fim das contas, eu sou ainda a menina que ficava bêbada para fugir da realidade e para tentar preencher o vazio que o destino impusera. Mesmo em outra cidade, mesmo com a liberdade que eu achava que me faltava, mesmo sem ninguém pra me ditar ordens ou sem os ares negativos que tanto me perturbavam, eu sou a mesma. Ainda cheia de calos, ainda transbordante de dor. Talvez um pouco mais pervertida, com uns anos a mais nas costas, uns quilos a menos no corpo, um bocado mais malvada. E que agora, como antes, só precisa de força. Pra lidar, além de tudo, com a saudade dos meus anos passados. Pra lidar, acima de qualquer coisa, com a saudade de vocês.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Strawberry Swing

"Now the sky could be blue, could be grey
Without you I'm just miles away.
Oh, the sky could be blue, I don't mind!
Without you it's a waste of time."

=)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

mad about you


 "Dizem que um dos dois sempre ama mais, meu Deus, quem dera não fosse eu!"

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Das convicções

Convicção é a crença de estar, em algum ponto do conhecimento, de posse da verdade absoluta. Esta crença pressupõe, então, que existam verdades absolutas; e, igualmente, que tenham sido achados os métodos perfeitos para alcançá-las; por fim, que todo aquele que tem convicções se utilize desses métodos perfeitos. Todas as três asserções demonstram de imediato que o homem das convicções não é o do pensamento científico; ele se encontra na idade da inocência teórica e é uma criança, por mais adulto que seja em outros aspectos. Milênios inteiros, no entanto, viveram com essas pressuposições pueris, e delas brotaram as mais poderosas fontes de energia da humanidade. Os homens inumeráveis que se sacrificaram por suas convicções acreditavam fazê-lo pela verdade absoluta. Nisso estavam todos errados: provavelmente nenhum homem se sacrificou jamais pela verdade; ao menos a expressão dogmática de sua crença terá sido não científica ou semicientífica. Mas realmente queriam ter razão, porque achavam que deviam ter razão. Permitir que lhes fosse arrancada a sua crença talvez significasse pôr em dúvida a sua própria beatitude eterna. Num assunto de tal extrema importância, a "vontade" era perceptivelmente a instigadora do intelecto. A pressuposição de todo crente de qualquer tendência era não poder ser refutado; se os contra-argumentos se mostrassem muito fortes, sempre lhe restava ainda a possibilidade de difamar a razão e até mesmo levantar o credo quia absurdum est [creio porque é absurdo] como bandeira do extremado fanatismo. Não foi o conflito de opiniões que tornou a história tão violenta, mas o conflito da fé nas opiniões, ou seja, das convicções. Se todos aqueles que tiveram em conta a sua convicção, que lhe fizeram sacrifícios de toda não pouparam honra, corpo e vida para servi-la, tivessem dedicado apenas metade de sua energia a investigar com que direito se apegavam a esta ou àquela convicção, por que caminho tinham a ela chegado: como se mostraria pacífica a história da humanidade! Quanto mais conhecimento não haveria! Todas as cruéis cenas, na perseguição aos hereges de toda espécie, nos teriam sido poupadas por duas razões: primeiro, porque os inquisidores teriam inquirido antes de tudo dentro de si mesmos superando a pretensão de defender a verdade absoluta; porque os próprios hereges não teriam demonstrado maior interesse por teses tão mal fundamentadas como as dos sectários e "ortodoxos" religiosos, após tê-las examinado

Muita

domingo, 9 de outubro de 2011

Am I crazy or is this more than a crush?

Eu só queria que essa sensação de estar destruindo minha vida fosse embora. Mas como vai embora se eu sei que no fundo, por mais que doa, essa é a verdade? Que por mais que eu fuja, que eu me engane, que você me engane, eu sempre acabo sabendo a verdade. E sempre dói do mesmo jeito que doeu da primeira vez. E da segunda. E da terceira... O problema é que eu não canso de tentar, que eu não tenho coragem de lutar contra mim mesma e colocar de vez uma boa dosagem de juízo em minha cabeça, aquela mesma que eu perdi desde que você surgiu. Só posso estar ficando louca. Eu tento mudar, você sabe, eu até mudo, por você. É tão triste ver que só eu mudo, sempre, só eu, sempre só. Sem notar nenhum esforço, por mínimo que seja, da sua parte. Sem adiantar eu mentir pra mim mesma e repetir mentalmente que você está diferente e que dessa vez vai ser diferente, porque a única coisa diferente dessa vez é que eu não estou escondendo minhas fraquezas. E de que adianta tanto amor por você e nenhum amor próprio? Talvez numa outra encarnação, quem sabe, você me valorize. Você deixe de ser tão infantil e imediatista e também pense no amanhã, ao invés do agora. Não é mania de planejar, não é tão somente só meu perfeccionismo, como você fala: é bom senso. É respeito. É carinho. É abrir mão de algo que não importe tanto por alguém que faça de tudo pra importar. E eu faço, poxa. E eu acho que se não importasse, eu nem precisaria escrever isso agora. Nem precisaria estar de cabeça cheia, mais uma vez, por sua causa. Só estaria no meu estado niilista de toda a vida, curtindo minha indiferença num dia de domingo como outro qualquer... Não consigo enxergar as coisas como você. Talvez, se eu nascesse de novo, poderia dar certo. Dar completamente certo, me entenda. Sem precisar ter tanta dor dividindo espaço com você. Talvez, se você nascesse de novo, eu nem precisaria ter tanto pé atrás. Eu não precisaria ficar insegura a semana inteira, só esperando o minuto em que você me decepcionaria de novo, só pra manter o costume, só por hábito. E você ainda reclama que eu não paro de reclamar. Quem está mais errado dos dois? O que faz mal ao outro ou o que faz mal só a si próprio? Reflita sobre isso. Durma bem.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Paradise

"When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
So she ran away in her sleep
Dreamed of paradise
Every time she closed her eyes"


É tudo uma questão de estado de espírito, sempre e indubitavelmente. A questão é que é algo inédito, embora tudo igual. Aquela mesma sensação de indiferença em relação à vida e ao mundo. Mas está tudo tão bonito e tão feio ao mesmo tempo. Acho que isso é o que as pessoas chamam de vida real. Será que, depois de uma vida inteira nas costas, eu finalmente estou deixando minha mania de Alice no país das maravilhas de lado e tentando ter um cotidiano sem histórias mirabolantes e aventuras fantásticas? Não quero criar expectativas. Também assumo que a realidade não me decepcionou tanto, talvez fosse até melhor do que eu supunha. O mundo que eu criei pra mim é mais sombrio, então eu esperava que – de tanto as pessoas reclamarem – isso aqui fosse bem pior. Não, eu não estou falando que é fácil, não estou falando que é ideal. Passa longe de ser. Mas é tão... normal. Tão como eu sempre supus. Eu tinha tanto medo de voltar pra cá, fugi tanto disso. Agora eu penso: era só isso? Era disso que eu tinha medo? Porra, planeta Terra, eu te superestimei demais. Em alguma parte da minha cabeça há um quarto cheio de relógios com o intuito apenas de me lembrar que o tempo está passando, que eu não posso continuar na mesma, que não sou mais a menininha assustada de treze anos. Tenho que começar a encarar as coisas como uma mulher de verdade. Só que lutar contra meus próprios demônios sempre foi tarefa que a menina soube lidar tão bem, sofrendo, chorando, querendo fugir às vezes, mas eu cresci. Eles diminuíram, eu acho. Foram embora. Desistiram de querer me roubar de mim. Ou talvez sempre tenham sido tão pequenos e eu os fiz grandes para não ter que encarar essa realidade tão banal, tão previsível e sem graça. No fim das contas, a menininha assustada e solitária no canto do quarto, era mais corajosa do que a Vanessa Adulta de Salto Alto Tentando Fugir da Fantasia. Ela encarava tudo. Eu não tenho o que encarar. Pode ser que nem seja covardia da minha parte, é que é tão pequeno. Essa indiferença sufoca. Quero demônios à minha altura. Não cresci à toa. Não quero voltar à utopia. Não quero me esconder embaixo do cobertor e passar a noite inteira narrando contos macabros para os meus ursinhos de pelúcia. Talvez eu tenha lido tragédias demais, visto muitos filmes de drama, escutado muito blues... mas é que agora me parece simples. Simplesmente simples. Essa era a pior descoberta que eu poderia ter feito em toda a minha vida. Eu viajava por tantas galáxias nos meus pensamentos. E agora é como minha mente fértil tivesse sido roubada de mim e eu só consigo acreditar no palpável. Mais racional do que nunca. Pior do que nunca. Mais vazia do que nunca. Mas está tudo bem. Eu resolvi tudo. As coisas ficaram claras e eu fico feliz por isso. Fico feliz por finalmente conseguir levar uma vida normal como a de qualquer outra pessoa. Se eu continuar desse jeito, capaz de daqui a uns meses por como metas na vida casar e ter filhos. É, eu já fui melhor. Já planejei dominar o mundo, já dominei o mundo tantas vezes. Que deprimente. Triste fim de Vanessa Isis. Eu simplesmente não consigo acreditar que estou contente com isso, não dá! Pior seria se eu continuasse forjando problemas que não tenho, só pra conseguir manter a mente ocupada. Nada está perfeito, mas as coisas estão certas. É assim. Seria dramatizar demais, fazer muita tempestade em copo d’água. Qual o meu problema? Hum... deixa eu pensar. Eu já me dei melhor na vida acadêmica. É, acho que só isso. Então... Qual a grandeza disso? Até onde isso vai me afetar? Gosto de preocupações, cara. Gosto de ter problemas pra pensar. Não sei se a palavra é “gosto”, acho que só me aceito mais assim. É uma questão de aceitação. Desde as minhas primeiras lembranças da vida, as coisas eram piores. Sempre fui mais fechada, sempre fui mais egoísta, agora eu me rendi. Igualzinha a outra metade do mundo, só aceitei. Ah, não, eu não posso ser só mais uma acomodada. Tampouco posso deixar que essa sensação de ser errado ter se acomodado e estar feliz me leve à loucura. Consegue ver? Eu estou procurando algo pra esquentar a cabeça. Talvez seja como minha mãe diz: eu só preciso de uma boa dose de sofrimento de verdade pra parar de reclamar da vida. Não nasci para clichês de felicidade. Gosto de choro, gosto de dor, gosto da minha depressão, gosto de viver daquele jeito, no meu mundo idealizado à la “As crônicas de Nárnia”. Meu problema é esse: gosto de coisas fantásticas e a trivialidade dessa vida me cansa muito. Talvez eu precise de tempo, para conseguir que minha mente finalmente descanse depois de dezenove anos de reclamações constantes e de motivos constantes para reclamações. É só uma mudança no estilo de vida. Daqui a uns dias pode ser que eu goste de viver assim. Se não? Ah, se não eu vou jogar tudo pra cima mais uma vez e procurar algo que me interesse, algo que me faça voltar à minha viagem constante a tantos universos. Se não eu vou me dar um tapa na cara e desistir. Teimosa como sou, até vejo lógica em pensar que vou desistir. Eu me canso dessa minha bipolaridade, são duas escrevendo aqui. Elas não se dão bem, é. As duas Vanessas não coexistem mais tão bem assim, está tudo equilibrado demais: eu preciso da minha dose de desequilíbrio e uma pitada de novela mexicana para animar as coisas. É, eu vou conseguir.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sempre vai estar certo

E depois de uma tarde de quem sou eu
E de acordar a uma hora da madrugada em desespero
Eis que as três horas da madrugada eu me acordei
E me encontrei.
Simplesmente isso:
Eu me encontrei calma, alegre
Plenitude sem fulminação
Simplesmente isso.
Eu sou eu
E você é você
É lindo, é vasto.
Vai durar!
Eu sei mais ou menos
O que vou fazer em seguida
Mas por enquanto
Olha pra mim e me ama.
Não,
Tu olhas pra ti e te amas.

É o que está certo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

I guess so


Maybe poets are right. Maybe love is the only answer.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Nem um dia é seguro sem notícias suas

"Quando acordei esta manhã no quarto úmido e escuro, ouvindo o tamborilar da chuva por todos os lados, tive a impressão de que havia sarado. Estava curada das palpitações no coração que me atormentaram nos últimos dois dias, praticamente impedindo que eu lesse, pensasse ou mesmo levasse a mão ao peito. Um pássaro alucinado se debatia lá dentro, preso na gaiola de osso, disposto a rompê-lo e sair, sacudindo meu corpo inteiro a cada tentativa. Senti vontade de golpear meu coração, arrancá-lo para deter aquela pulsação ridícula que parecia querer saltar do meu coração e sair pelo mundo, seguindo seu próprio rumo. Deitada, com a mão entre os seios, alegrei-me por acordar e sentir a batida tranquila, ritmada e quase imperceptível de meu coração em repouso. Levantei-me, esperando a cada momento ser novamente atormentada, mas isso não ocorreu. Desde que acordei estou em paz."

sábado, 17 de setembro de 2011

So you think you can tell

Confesso que rio cada vez que pego a caneta e o papel, e penso em você. Esse prazer masoquista de te escrever, mesmo quando as coisas não estão ruins. Talvez eu ria por estar mais tranquila agora, talvez por estar mais desesperada que todas as vezes anteriores... Mas eu me vejo sorrindo, e isso já é uma mudança. Fico presa em devaneios acerca de tudo que eu já me questionei tantas outras vezes, principalmente acerca de eu estar abrindo mão do meu orgulho. E vejo como tenho sido contraditória nos últimos dias. É uma auto-sabotagem bonita. Por mais que seja doente, é admirável. Essa coragem de arriscar de novo. De dar uma nova chance. Mesmo que tudo desande desde o princípio. Chego a pensar que é nossa sina viver assim, nessa inconstância. Tendo apenas uma coisa em comum. E essa coisa sendo pra mim tão mais importante do que todas as cicatrizes que você me deixou e me deixa. Que esse amor, por mais que absurdo, ainda faz algo dentro de mim pulsar e eu imaginar um mundo lindo lá fora. Não fora da casa, mas fora de mim. E dentro de mim também. Um mundo em que eu já estive, que – sem brechas para dúvidas – é o que eu quero estar.  Um mundo que faz O mundo parar de girar por horas, em que eu não penso tanto nos problemas, em que eu me sinto segura e, algumas vezes, até feliz. Eu tenho medo dessa felicidade, de onde ela pode me levar. De até onde eu sou capaz de ir para estar naquele lugar de novo. Naquele lugar que acho que já estou. Um lugar que me assusta e atrai. Onde eu até ouço Pink Floyd sem chorar, é fantástico. Mas eu estou tão assustada, fico imaginando se não seria mais inteligente e sensato da minha parte continuar com meus pés bem fixos no chão e direcioná-los para a porta de saída enquanto ainda é tempo. Então é aí que vem a certeza: não tem porta de saída NENHUMA. Há mais de um ano eu buscava em vão uma saída, como se fosse fácil. Tudo que é bom tem um preço alto. E eu já paguei esse preço tantas vezes antes. Será que valeu a pena? Será que vale ou valerá a pena? Por que eu continuo me arriscando tanto por você? Porque eu te amo. Porque não é segredo pra ninguém. Mesmo que tu finjas que não sabes e banque o surpreso cada vez que eu te fale. Eu sei que sempre fui a esquisitinha. A anti-social problemática que surgiu na sua vida do nada e desejou acima de tudo um espaço. Por mínimo que fosse, ela se acomodaria em qualquer lugar. E eu me acomodei. O problema é que só me desfaço desse espacinho tão pequeno que me foi dado, no dia que você me expulsar. Mas você não expulsa. Prefere me ver ali, presa numa caixinha que mal me cabe, que mal consigo respirar, do que me mandar ir embora. No final das contas, eu sou insana, porque não só me satisfaço como agradeço por você me manter ali. Por mais que tenha doído e ainda doa tantas vezes. Todavia, a esperança de viver de novo naquele mundo de novo me inunda e faz eu jogar tudo pra cima, sem me importar se aquilo tudo for cair sobre minha cabeça. Eu mudei tanto de uns tempos pra cá. A dor me ensinou tanta coisa. Falando assim até parece que eu não convivia com ela antes, mas sem você por perto ela me abraçou ainda mais forte. E não quer ir embora. Depende de você. Por isso que eu peço: ou vá, ou fique. E repito: fique. Não me deixe ir, se realmente me amar. Por favor, não me deixe, não me perca, eu não quero ir. Porém, não me ofereça um falso amor. Já tenho tantas marcas... Se for pra ser como foi, avise-me. Sutilmente. Da maneira que eu lhe ensinei, lembra? Aquelas desculpas que a gente dá quando não quer mais alguém em nossa casa. Eu vou entender. E pode doer, pode sangrar... não vou falar que não tenho medo, pois tenho. Sou quase um bichinho arisco. Mas eu já te perdi outras vezes. Nem sei se dessa vez te tenho. Não esqueça de me lembrar se realmente eu sou bem vinda nesse mundo, no seu mundo, no nosso. No nosso amor. Tão velho, tão imperfeito, tão doloroso e – acima de qualquer outra coisa – tão real.

I do.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Nothing?

There's one thing I want to say, so I'll be brave:
You were what I wanted
I gave what I gave
I'm not sorry I met you
I'm not sorry it's over
I'm not sorry that's nothing to say
I'm not sorry that's NOTHING to save.

sábado, 10 de setembro de 2011

In sight or inside?

So, at this time, I finally discovered that hell, just like heaven, can be not just in our sight, but inside of us. And it hurts. Hurts a lot. I fell tired, lost and completely broken. Anyway, I know that's just the beginning, that's not the moment to complain, not yet. I'll suffer. Just like I was doing those days. Now I can fell they so close, sooo close. Bumping in me in a way that make me fall. I'm still falling. I'm still breaking my heart. I'm still a heartbreaker. And I'm so sorry about that, but I can do nothing. That's the monster who I've always been. The same monster that I'll continue being. Forever.



Além das possibilidades. Do tempo e da memória.

Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
Sempre que eu já nem me lembro, lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus vai apagar...
Que é que eu vou fazer pra te deixar?
Sempre que eu apresso o passo, passas por mim
E o silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Que é que eu vou fazer pra te lembrar?
Como tantos que eu conheço e esqueço de amar
Em que espelho teu, sou eu que vou estar?
Ao te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus vai apagar...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sem atraso, ou com, vai saber

“Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar, mas hoje não.” 

E separo um dia pra mim. Para rever meus pensamentos. Para repensar minhas escolhas. Para decidir se é ou não melhor escolher. Para criar uma idéia base do que significa ser melhor. Para descobrir o que eu sou. Quem eu sou. Para não magoar ninguém, inclusive eu. Para tirar o dia de cama e a noite também. Para olhar as estrelas. Para pensar no que era. No que é. No que vai ser. E, principalmente, se vai ser. E também quanto ao objeto das orações anteriores. Um dia desses eu vou acreditar, vou duvidar, vou sofrer tudo de novo e vou deixar o sofrimento de lado. Vou ficar indiferente. Por mais que isso já seja inerente a mim. Vou me mostrar, vou querer que você se mostre. Vou deixar todos os meus sentimentos à flor da pele, no mesmo momento em que vou constatar que não tenho sentimentos. Que nunca tive, tampouco terei. Vou comprar roupas novas, mudar o cabelo, mudar o tom de voz, o jeito de andar, o jeito de compreender ou deixar de compreender as coisas. Vou sinalizar sutilmente, sem acreditar em sinais. Seria isso um sinal? Toda essa mudança. Essa mudança que eu só planejo, planejo e nunca vem. Até porque eu não quero mudar. Só preciso, mas não quero. Eu só quero deitar naquela velha rede, olhar a praia e sentir o vento. Não esquecendo momento nenhum de todas as minhas responsabilidades. E viver o hoje pensando no amanhã, o que me leva, diretamente, a não viver o hoje. Ir assim adiando a vida, deixando pra mais tarde, pra amanhã, pra depois, pro mês que vem. Para que tudo aconteça num dia. Algum dia. Seja de um futuro breve ou não. Com a esperança apenas de que não seja tarde demais.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Semelhança


"Vanessa, você nunca foi tão santa assim"

Ela se pinta e sai.
Disfarça a tristeza com o batom
Os lábios continuam sem cor
Há muito perderam o brilho para outra boca
Uma boca tão sua quanto a sua própria
Esta que grita sua dor em diversos tons
Sendo todos de silêncio.
De um silêncio prolixo
Que tanto fala e que tanto se estende
Num discurso retórico e vago
Tão vago quanto esta alma aflita
Que vaga pela casa em busca do corpo
Todavia, o corpo que ela quer não está mais nesta casa
Fora embora junto da cor da boca
Junto do brilho dos olhos
Deixando para trás apenas um outro corpo
Imóvel sobre a cama
Inerte
Solitário
Apaixonado
O dela.


ps.: Obrigada, minha Ná. Já haviam uns bons dias que eu procurava um título para este texto. Saudades suas!

domingo, 28 de agosto de 2011

sábado, 20 de agosto de 2011

Everything is not lost

Foi exatamente na hora que eu pensei que me encontraria, que eu me perdi. Como um vendaval. Deixando-me sem saber se seria motivo de riso ou de choro. Tirando tudo de ordem, ao passo que as coisas se organizaram. Expulsando a rotina para o mais longe possível de mim e ao mesmo tempo me deixando nervosa com uma familiaridade tão assustadora. Isso tudo é desesperador. Essa dúvida, incerteza cheia de certezas. E esse medo. Um medo tão forte, tão maior. Ainda maior do que esse amor. Amor que tampouco sei dizer a quem pertence, com quem eu o divido. Eu estou tão transtornada que só me calo, que perco o senso de como continuar, perco a direção. E penso que o motivo é de choro. Completamente perdida num território inimigo. Um campo minado. Que dúvida, meu Deus! Seria, mais uma vez, tudo minha culpa? Culpa de ferir as pessoas que amo. Culpa de não corresponder às expectativas de quem mais espera de mim. Culpa de amar demais e não saber como lidar com isso. Um arrepio enorme percorre toda a minha espinha e eu sinto que está tudo desandando outra vez. As coisas estavam tão bem, quase tão bem. Por mais que eu precisasse disso, precisava já havia tanto tempo, tinha que ser justo agora? Eu estava tão segura. Tinha um porto. Ainda tenho? Não sei se estava seguindo adiante ou andando em círculos, simplesmente não sei, mas eu estava bem. Tão bem. Contente, até. Era a minha vez de as coisas darem certo. Está dando certo agora? Nem sei mais o que é certo ou não. É como se eu caminhasse para a forca e tivesse que escolher alguém para levar comigo. Eu vou sofrer. Mais. Agora, fico triste por saber que estou num beco sem saída. Que só dá pra salvar uma pessoa. Que não tem espaço para a terceira, não pode ter. Quem eu vou salvar? Se eu pudesse, preferia sofrer sozinha. Nunca quis machucar ninguém. Que dom é esse? Que imã enorme para problemas. Eu sou o problema, sempre fui o problema e continuarei sendo. Além de auto-destrutiva, meus destroços conseguem atingir quem estiver por perto. É uma questão de fugir enquanto é tempo. Mas aquele mesmo imã parece atrair os outros para o perigo, para o meu perigo. Uma luta mortal por um prêmio sem valor. Eu quero por meus pensamentos em ordem, não consigo. Por que você tinha que fazer isso comigo justo agora? Doía demais ver que eu estava bem? Sempre bom frisar esse verbo no passado: estava. Sem previsões de volta. Queria sumir. Só para não ter que encarar isso tudo. Eu não posso fazer isso sozinha.  É o inverso: eu só posso fazer isso sozinha. Preciso de mim. De ponderar as coisas da melhor maneira possível. Tanto que eu ponderei antes, que eu quis que tudo fosse previsto, nada fugisse dos meus planos. Odeio surpresas. Eu prefiro sofrer sozinha. Não posso fazer isso. Não posso negar a mão à pessoa que me fez bem, que me faz bem, que faz de tudo para me ver bem. Não posso negar a quem sempre me amou uma chance de tentar fazer correto dessa vez. A única coisa que consigo imaginar é negar a mim mesma o direito de ser feliz. Pensando bem, nem isso. Esse direito já me foi negado independentemente da minha vontade. Se eu não fizer nada, vou assistir a vida passar pela janela enquanto continuo trancada no quarto. Se eu optar, seja por que lado for, eu posso me martirizar até o resto dos meus dias por ter feito a escolha errada. Errada, não, menos certa. Eu estava conseguindo ser. Eu fui quase completa. É como se agora eu começasse do zero mais uma vez. O problema é que quem começa do zero deixa a dor para trás, e a dor é a única coisa que me acompanha nessa história. E a culpa. Sabe que agora eu penso que aquele sonho era tão real e eu não soube interpretar. Eu já conhecia aquele toque. Como me dói não saber o que fazer. Você era tudo que eu precisava, com você o meu mundo ficaria completo. Eu não quero ferir ninguém. Não agüento mais repetir isso. Não agüento mais essa história se repetindo. Será que nunca eu vou ter paz? Eu deixaria meu sangue secar para não estar nessa situação agora. Eu quero uma válvula de escape. Eu quero estar de volta a dois dias atrás, onde tudo era lindo e corria bem. Onde  eu sabia exatamente o que queria e onde queria estar. Agora minha visão é turva. Por que eu tinha que fazer isso logo com você? Por que eu tenho que ser inconstante desse jeito? Eu estava tão decidida. Não posso sequer te pedir perdão, eu não sou digna desse perdão. E é mais fácil para mim encarar isso como só mais uma fatalidade, só mais uma vez que eu fui lobo em pele de cordeiro. Eu não podia fazer você se sentir desse jeito, não era para ser desse jeito. Você merece tantas coisas boas, você me trouxe tantas coisas boas. Você me trouxe à vida quando eu pensei que sequer conseguiria respirar. E você me mostrou as coisas lindas, todas as coisas mais lindas que existem nesse mundo tão feio, esse mundo feio que você pintou bonito só pra me fazer feliz. Como eu posso ser tão monstruosa ao ponto de ferir alguém assim? De ferir alguém que é tão especial. Eu só provei ser mais uma, só mais uma, pequena e insignificante e egoísta e perdida. Mas toda amor. Um amor que deveria ser seu, que é seu. Mas que não é tão seu, só seu, como deveria ser.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Para combinar com o estado de espírito

"I don’t know what it is about me that makes people think I want to hear their problems. Maybe I smile too much. Maybe I wear too much pink. But, please, remember: I can rip your throat out if I need to and also know that I am not a hooker. That was a long, long time ago."

Da minha diva, Pam.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Back to black

Eu cheguei há algumas horas. Quando abri a porta de entrada, senti como se fosse entrar num mundo mágico e único, que só eu conhecia e sentia falta. Tantos dias longe daqui. Mas quando dei o primeiro passo e olhei o corredor, só vi um vão vazio e sem cheiro. Como se ninguém nunca tivesse morado aqui. Como se eu nunca tivesse estado aqui antes. Senti o sangue pulsar mais forte nas veias, uma onda de decepção me assolou e vieram lágrimas aos olhos. Minha mente estava muito cansada, não tenho tido dias bons, talvez eu estivesse esperando que estar aqui de novo me trouxesse a cura. E justamente por a cura não ter estado aqui de imediato, eu me senti ainda mais perdida e cansada. Deitei, tomei meu velho analgésico... Foi quando eu reparei que as coisas estavam exatamente iguais. Que o vazio na casa era na verdade o meu vazio, que a ausência de cheiro era essa minha indiferença gritante. Levantei, desfiz as malas, pus cada coisa no seu lugar. Preenchi o guarda-roupa com as mesmas coisas de antes, coloquei as compras no armário, preparei um café, borrifei do meu perfume no quarto. Já parecia tão familiar de novo, como se a parte de mim que vive nessas paredes tivesse voltado. Fiquei satisfeita comigo por isso. Então peguei as chaves, voltei à porta de entrada e a abri mais uma vez. Eu estava em casa de novo. Eu estou no meu lugar. Deitei, peguei a bolsa e procurei algo que sabia que estava lá. Na fotografia, a menina que estava sorrindo não era eu: eu não sai daqui, aqueles dias lindos não foram meus, aquela ilusão de felicidade já passou, todos aqueles abraços já se perderam no tempo. Eu estou só. Embora haja alguém comigo agora, alguém que já faz parte de mim ao ponto de ser a única companhia que a minha solidão deseja. Eu continuo sozinha. Do jeito que gosto de estar. E toda aquela dor que eu trouxe comigo, toda a dor que algumas palavras de despedidas me causaram pouco mais cedo, continua aqui também. Isso é importante pra mim. Eu já estou adaptada a essa dor, a essa sensação de impotência. Serve de desculpa. Justifica minhas falhas. Embora não justifique, eu posso mentir para mim mesma e dizer que eu só me afundo cada vez mais porque a dor não permite que eu me levante. E por mais que no fundo eu saiba que a questão não é só essa – pode ser, também, essa – essa mania de auto-sabotagem também já faz parte de mim. É assim, aos cacos, juntando partes soltas e sem colá-las perfeitamente, que eu vejo que o analgésico fez efeito e que eu já estou curada.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Jornalismo (in)decente

Boa tarde! Hoje, como todos os outros dias, acordei, tomei meu velho e bom café, e vim dar uma conferida nas notícias do dia. Quase que passando despercebido, vi no G1 uma nota que em partes me deixou um tanto que incomodada. Acerca do próprio jornalismo. Eu sei, tudo bem, pode não ter sido intencional, mas o rodapé fez toda a reportagem valer a pena para mim. O texto refere-se à um processo derivado de uma crítica ofensiva feita através do twitter. Crítica esta, que feriu à honra de Geneton Moraes Neto, o seu "Dossiê geral" conta com o seguinte asterisco:

 "Ah, sim: como eu ia dizendo antes de ser interrompido pela narração de minha incursão pelos corredores da Justiça, minha relação com esta joça popularmente conhecida como Jornalismo é acidentada. Meu demônio da guarda me sopra de meia em meia hora, ao pé do meu ouvido esquerdo : “Get out ! Get Out ! Get out ! Bata em retirada! Baixe a cortina! O Jornalismo não é , nem de longe, o que você pensava quando chegou numa redação aos dezesseis anos de idade ! Você era um inocente imberbe, achava que fazer Jornalismo era simplesmente contar da maneira mais atraente possível o que você tinha visto e ouvido na rua, era descobrir personagens fascinantes que ninguém conhecia, era se esforçar para fazer as perguntas certas na hora certa a anônimos ou famosos, era tentar retratar da maneira mais fiel a Grande Marcha dos Acontecimentos, era olhar a vida como se fosse uma criança que estivesse vendo tudo pela primeira vez, era devorar todos os jornais e revistas que lhe caíam nas mãos para aprender com quem sabia fazer, era não deixar jamais que o veneno do engajamento político contaminasse o exercício da profissão, era ler e reler os textos dos mestres, era ter a certeza de que não existe assunto desinteressante: o que existe é jornalista desinteressado. Quá-quá-quá ! Deixe de ser estupidamente ingênuo! Jornalistas de verdade jogam notícia no lixo; criam dificuldade para tudo; apostam na mesmice mais cinzenta; deixam de publicar uma história interessante porque “a concorrência já deu”; fazem Jornalismo pensando nos outros jornalistas, não no público; pontificam sobre todos os temas do Universo; participam de campeonatos de vaidade; escorregam na autorreferência obssessiva, na pretensão descabida, no egocentrismo delirante, no exibicionismo vulgar. Os jornalistas estúpidos, feito você, acham que é tudo um absurdo indefensável. Para que, então, prolongar este equívoco ? Get out ! Get out! Get out ! Mas você não me obedece. Você, bobo, tenta preservar os sinais vitais do menino ingênuo que, lá atrás, apostou no Jornalismo. Você sabe que a tentativa é rigorosamente inútil, mas é a única coisa a fazer. Continue tentando, então. Pode ser divertido ! “ . Depois de me soprar estas palavras, num ritual que se repete há anos, meu Demônio da Guarda se recolhe, sorridente, porque tem certeza de uma coisa : quase nunca eu o obedeço, mas, no fundo, sei que ele tem toda razão)."


Foi como um soco no estômago para mim. A ex-futura-jornalista-frustrada, que ainda guarda no fundo uma esperança em relação a um jornalismo decente, um jornalismo com o intuito crítico e informativo, e não só de despejo de um monte de verdades e inverdades em busca de dinheiro. A máquina humana. O óleo da máquina, na realidade. E fere saber que o Demônio da Guarda do Geneton é sincero. Que talvez eu mesma, se tivesse o seguido o trajeto que queria ter seguido, pudesse me sentir da mesma forma num futuro não tão distante. Um futuro que poderia estar próximo mas que ficou pra trás como metade das outras coisas que importavam pra mim. E calejou tanto que nem importa mais. Quase nada importa mais. Nem sei se cabe, só sei que dói. Enfim... É isso. Quem quiser a reportagem na íntegra, segue o link:
http://g1.globo.com/platb/geneton/

Até mais.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

He, she and all my wishes

Ontem à noite eu fui dormir pensando em como é interessante algumas pessoas encontrarem o amor da suas vidas assim tão perto, e depois de tanto tempo. Não teve como deixar de lembrar de vocês dois. Vizinhos. Desde crianças. E daqui a pouco mais de duas semanas estarão formalizando esse pedido de “fique comigo até o fim da minha vida”. Chego a pensar que estou envelhecendo mais rápido do que parece quando lembro quando tudo começou, e lembro numa riqueza de detalhes enorme, em como foi tudo tão bonito, inesperado e sem pretensões. Então essa é a hora em que eu e qualquer outra pessoa que conheça vocês dois joga aquele bom e velho “quem diria, hein?”. Mas falo isso com a felicidade estampada no rosto. Nesse clima de romance, festa e vestidos, não há como deixar de torcer um minuto sequer para dar tudo certo na vida de vocês, da mesma forma que vem dando nesses últimos anos. Informar-lhes também o quão orgulhosa estou de tudo isso, de vocês dois, do amor de vocês. E agradecer por ter sido escolhida para ser sua madrinha, a mais ansiosa madrinha de todos os tempos, que quer acima de tudo a felicidade de duas pessoas tão queridas e especiais como vocês são para mim.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quando o segundo sol chegar

Para realinhar as órbitas dos planetas...


Eu sei que não tenho motivos, que nada que eu disser pode justificar minha maneira infantil de agir e as coisas que falo vez ou outra, mas eu só quero que você tente entender. Entender que eu confio em você, que eu sei que você não mentiria para mim. E justamente por isso eu me vejo feito criança boba, insegura e assustada, tremendo de medo só da possibilidade de lhe perder, ou de sequer lhe ter, sem saber qual das duas alternativas seria pior. Então quando eu imagino que posso fazer a você o mesmo mal que eu faço a todo mundo que se aproxima de mim, entro em pânico. Morro e renasço a cada frase, sempre buscando uma brecha pra alguma coisa qualquer nas entrelinhas, e não há nada.  Nada além da vontade de que você estivesse aqui, ao alcance dos meus braços, e eu pudesse lhe abraçar do modo que eu falei que faria. E farei. E nem sei é saudável toda essa necessidade que eu tenho de você... Mas como escapar? Como fugir de algo que indiscutivelmente me faz tão bem? Deveria fugir? Eu não conseguiria. Eu não quero. E esses anseios me agradam tão mais que os de outrora. Essa convicção, tudo tão certo. A parte de mim que teme é tão mais frágil do que esta que acredita. Por mais que eu tente ponderar, deixar tudo bem equilibrado, foge do meu controle. Foge tão depressa que não há tempo sequer de eu tentar reverter. E eu também não quero. Não quero fugir. Quero esperar. E espero. Com um sorriso no rosto e um relógio na mão, contando cada segundo antes de você chegar.

domingo, 10 de julho de 2011

Losing myself. In time, out of time... Whatever.

You've been on my mind, I grow fonder every day.
Lose myself in time, just thinking of your face.
God only knows why it's taken me so long to let my doubts go,
You're the only one that I want.
I don't know why I'm scared, I've been here before,
Every feeling, every word, I've imagined it all.
You'll never know if you never try, to forgive your past and simply be mine,
I dare you to let me be your, your one and only.
Promise I'm worth it, to hold in your arms,
So come on and give me a chance,
to prove I am the one who can walk that mile, until the end starts.
If I've been on your mind, you hang on every word I say,
Lose yourself in time, at the mention of my name.
Will I ever know how it feels to hold you close,
and have you tell me whichever road I choose, you'll go?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Indecisão

"Vi minha vida se desenrolar diante de mim como uma figueira de um conto que havia lido. Da ponta de cada ramo, um gordo figo roxo acenava e me seduzia com um futuro maravilhoso. Um figo significava um marido e um lar feliz com filhos, outro era uma poetiza famosa, outro uma professora, outro era Esther Greenwood, a surpreendente editora, outro era a Europa, a África e a América do Sul, outro Constantin e Sócrates e Átila, um bando de amantes com nomes esquisitos e profissões originais, outro ainda era uma campeã olímpica, e acima de todos esses figos havia muitos outros que eu não conseguia entender. Vi-me sentada sob essa figueira, morrendo de fome, só porque não conseguia decidir qual figo escolheria. Queria-os todos, e escolher um siginificava perder o resto. Incapaz de me decidir, os figos começavam a murchar e apodrecer, e um a um caiam no chão a meus pés."

Da minha autora, do meu livro favorito, da minha redoma de vidro.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

I've never been alone

Durante essa semana, passei várias horas pensando em algo que pudesse te surpreender. Como já era de se esperar, minha capacidade criativa sempre em baixa, não permitiu que eu pudesse elaborar nada digno de você. Então eu decidi te escrever. Como se já não o fizesse todos os dias, de muito bom grado. Eis que para inovar, mesmo que tão minimamente, pensei em colocar aqui, nas minhas brisas e nos meus ventos. Decidi deixar, junto com grande parte do que eu sou e do que eu passei ou do que eu quis ter passado, um pedacinho do meu afeto por você. Não, eu não conseguiria transcrever tudo, seria superestimar o poder das palavras. E mais um carinho que só aumenta, tão nitidamente e tão rapidamente... É, não seria possível colocar tudo. Talvez essa seja só mais uma das inúmeras justificativas que eu posso utilizar para explicar a minha ânsia de falar com você o tempo inteiro. Deveria te parabenizar pelo seu aniversário, mas tenho tantos outros motivos mais fortes para isso que acho que até ofusca um pouco isso de estar só completando mais um ano. Mais um ano que tenho o prazer de ter você por perto, mesmo que longe. Tenho ainda mais a te agradecer, por todos os risos, todas as conversas, todos os planos, ciúmes e até desentendimentos. Você consegue transformar tudo, cada detalhe do meu dia, em algo bonito e memorável. Consegue me fazer sonhar acordada a cada minuto meu, sentir-me pequena diante da imensidão disso tudo, ter a certeza que não estou – e nunca estive – sozinha, e esperar o dia em que vamos nos ver do mesmo modo que uma criança esperaria o melhor presente que poderia ganhar. É bem isso mesmo. Um presente. O meu presente. O mais engraçado é que hoje, se alguém deveria ser presenteado, esse alguém é você, mas enfim. Não há como fugir dessa certeza do que você é pra mim. Não há como negar o sorriso que abro a cada palavra sua. Parabéns por ser a pessoa mais bonita que eu já conheci, por ser tão compreensivo, tão carinhoso, tão inteligente, tão tão lindo, tão fofo e tão perfeito mesmo com todas as imperfeições que julga ter, cada uma delas faz com que eu me sinta extasiada e completamente encantada. Obrigada por ser tudo isso, por sua confiança e, principalmente, por estar comigo. Sempre. Feliz aniversário!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pela janela do quarto


Eu ando pelo mundo, e  meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço...
Meu amor, cadê você? Eu acordei, não tem ninguém ao lado.

Fantasiando

Pintor: Ela prefere imaginar uma relação com alguém ausente do que criar laços com aqueles que estão presentes.
Amelie: Hum, pelo contrário. Talvez faça de tudo para arrumar a vida dos outros.
Pintor: E ela? E as suas desordens? Quem vai pôr em ordem?

domingo, 3 de julho de 2011

Quanto à mesma balada do amor inabalável

“Ela tinha vontade de gritar para todo mundo justo aquilo que ela não se arriscava nem em pensar mais alto.”

O problema é que o mundo inteiro pra ela não passava de uma pessoa, daquela pessoa. Que sempre, havia tanto, ela tentava demonstrar o seu carinho e nunca havia conseguido. Por incompetência fosse dela ou de outrem, tudo em vão. A feracidade e velocidade com que o tempo passa ainda a assusta. Só não mais do que essa certeza de que ainda está aqui tudo que ela queria que não estivesse, e que não está aqui a única coisa que ela queria que estivesse. E machuca, ela olha pra baixo, levanta a cabeça e vê que não dá pra ir em frente. Nem pra voltar atrás. Nem sequer pra andar em círculos. Ela está apenas impotente e desnorteada. Não vai sair do lugar agora, tampouco depois. Precisa daquele apoio, justo aquele que já está muito à sua frente, que correu lado a lado com o tempo, que não se deixou ficar pra trás. Luísa tem motivos pra disfarçar o riso e desviar o olhar. Só não entende porque aquela pessoa que não gosta mais dela, pelo menos não como gostava antes, não consegue deixá-la ir embora. Prefere ficar alimentando nela uma ilusão que já lhe é permanente, que já se ampliaria sem precisar de outro impulso além do dela. Ouvir aquela voz ainda faz com que seu coração pareça que vai sair pela boca e por aquela boca saem palavras tão desconexas que fazem a pessoa do outro lado da linha sorrir e brincar. E aquele sorriso, aquele jeito doce à sua maneira, fazem com que Luísa transborde de alegria por um minuto. No outro, no que se sucede, que não há mais ninguém do outro lado, ela senta na sua cama, ainda encarando o celular e tem vontade de morrer. Seja de saudade, tristeza, ou amor.


Quanto às incertezas mais persistentes

"(...) Pois meus olhos vidram ao te ver, são dois fãs, um par. Pus nos olhos vidros para poder melhor te enxergar. Luz dos olhos, para anoitecer é só você se afastar. Pinta os lábios para escrever a sua boca em minha? Que a nossa música eu fiz agora, lá fora a lua irradia a glória. E eu te chamo, eu te peço: Vem! Diga que você me quer, porque eu te quero também!
Passo as tardes pensando, faço as pazes tentando te telefonar. Cartazes te procurando, aeronaves seguem pousando sem você desembarcar, pra eu te dar a mão nessa hora, levar as malas pro fusca lá fora.
E eu vou guiando. Eu te espero, vem? Siga onde vão meus pés, porque eu te sigo também. E eu te amo! E eu berro: Vem! Grita que você me quer, que eu grito também!
E eu gosto dela e ela gosta de mim, eu penso nela... Será que isso não vai ter fim?"

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Should I stay or should I go?

Exteriorizando

Interessante que, no fim das contas, escrever é a melhor forma de voltar no tempo. Por esses dias fiz uma retrospectiva com meus textos aqui do blog e outros não publicados, fiquei extasiada como consigo sentir de novo tudo que sentia na época em que foram escritos. Não sei se isso é bom ou ruim. Às vezes penso que seria melhor fazer como um amigo meu, que apaga/rasga/queima todos os seus textos com o passar do tempo... Mas o passado não se apaga. No máximo se esquece, ou se tenta esquecer. E acho injusta essa perspectiva, como querer fugir de quem se é. Pois quem se foi possui uma ligação direta com quem ou o que se é. No meu caso, quem se é não tem tanto valor. Porém todos os dias, todos os risos ou lágrimas e todos os clichês – muitos, diga-se de passagem – continuam fazendo parte de mim de uma maneira assustadora. É bom observar esse meu progresso-regresso. Aprendendo com os erros ou errando de novo, dessa vez sem ter a inexperiência como desculpa. Que verbo bonitinho é esse “escrever”. De uma melancolia tão contente. E eis que depois de todas as besteiras que falei acima, eu paro e reflito: o que eu pensarei quando ler isso daqui a um ano?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Quanto aos planos de médio prazo

Eu sempre quis ter coragem de juntar umas coisas, por na mochila e se jogar no mundo depois. Sem planos específicos, sem destino certo, sem previsão de volta. Só se entregar à viagem, aos lugares, ao momento. Com juízo demais ou de menos, com um sorriso no rosto. Conhecendo gente, fotografando cada borboleta que passar pelo caminho. Sentar na beira da estrada ao fim da tarde e olhar o pôr-do-sol. E olhar os carros passarem. E imaginar de onde vêm, pra onde vão, até que parte daquele caminho irão seguir. Beber. Muito. Seja vinho, vodka, tequila, ou o que tiver. Beber com os amigos, novos, velhos. Os que me acompanharão ganharão milhões de beijos e abraços e sorrisos e tanta coisa, os que não ganharão minha lembrança e a vontade de que pudesse levar cada um comigo. E levo. Sempre. E leve. Sempre. Leve feito brisa, entregando-se ao vento, à vida. Ah, como eu queria mochilar...