domingo, 3 de julho de 2011

Quanto à mesma balada do amor inabalável

“Ela tinha vontade de gritar para todo mundo justo aquilo que ela não se arriscava nem em pensar mais alto.”

O problema é que o mundo inteiro pra ela não passava de uma pessoa, daquela pessoa. Que sempre, havia tanto, ela tentava demonstrar o seu carinho e nunca havia conseguido. Por incompetência fosse dela ou de outrem, tudo em vão. A feracidade e velocidade com que o tempo passa ainda a assusta. Só não mais do que essa certeza de que ainda está aqui tudo que ela queria que não estivesse, e que não está aqui a única coisa que ela queria que estivesse. E machuca, ela olha pra baixo, levanta a cabeça e vê que não dá pra ir em frente. Nem pra voltar atrás. Nem sequer pra andar em círculos. Ela está apenas impotente e desnorteada. Não vai sair do lugar agora, tampouco depois. Precisa daquele apoio, justo aquele que já está muito à sua frente, que correu lado a lado com o tempo, que não se deixou ficar pra trás. Luísa tem motivos pra disfarçar o riso e desviar o olhar. Só não entende porque aquela pessoa que não gosta mais dela, pelo menos não como gostava antes, não consegue deixá-la ir embora. Prefere ficar alimentando nela uma ilusão que já lhe é permanente, que já se ampliaria sem precisar de outro impulso além do dela. Ouvir aquela voz ainda faz com que seu coração pareça que vai sair pela boca e por aquela boca saem palavras tão desconexas que fazem a pessoa do outro lado da linha sorrir e brincar. E aquele sorriso, aquele jeito doce à sua maneira, fazem com que Luísa transborde de alegria por um minuto. No outro, no que se sucede, que não há mais ninguém do outro lado, ela senta na sua cama, ainda encarando o celular e tem vontade de morrer. Seja de saudade, tristeza, ou amor.


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