terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Desta vez, não faltou leveza.

Hoje me deu uma sensação satisfatória de estar fazendo as coisas do jeito certo, gosto de quando isso acontece. Não foi nada mais. Eu só estava sentada na praia ontem à tardinha, analisando os rumos e prumos que estou dando à minha vida - nem sempre fáceis, mas certos - quando senti alguém se aproximar. Levantei um pouco a cabeça para olhar o estranho que se aproximara e nossos olhares se entrecruzaram por um tempo - pouco tempo, um segundo, dois, três, no máximo - e eu recebi um sorriso de volta. Gosto quando as pessoas sorriem para mim. Principalmente quando há naquele sorriso algo familiar, uma mistura de compreensão, de apreço, ou talvez de ausência de sentimentos, que é algo que também me agrada. E achei bonitinho que ele sentou do meu lado e começou a falar coisas banais, como "o tempo está bom hoje" e "eu gosto da praia no fim da tarde, o azul do mar fica mais marcante" e eu o respondi com palavras soltas e previsíveis e ainda assim foi tão legal. Eu gosto de falar sobre o tempo, cheguei a essa conclusão. E gosto quando o sol abre, mesmo sendo uma pessoa da noite, o tempo fechado me deprime muito. Tenho fugido do que me deprime. Não por covardia, mas por auto preservação. Não o olhei nos olhos de novo. Fiquei lá, sentada, sorrindo vez ou outra, brincando com a borda da saia que batia na areia, e ele calou também. Abraçou os dois joelhos e ficou olhando o mar. Passamos uns minutos agradáveis e silenciosos. De canto de olho, eu o observava, só quando tinha a certeza que ele não sabia que eu o estava olhando. Até ele falar, num tom baixo, com uma voz quase de menino, que as coisas iam dar certo e eu não precisava me preocupar. Que meus olhos tinham uma melancolia bonita e dava pra notar que eu era forte mesmo sem eu falar nada. Senti vontade de abraçá-lo, de agradecer, de fazer qualquer outra coisa que nem eu mesma sei. Talvez perguntar o seu nome. Mas eu só corei. Fiquei lá, corada, fitando a areia e mexendo os dedinhos dos pés. Ele sorriu e foi embora. Eu fiz menção de levantar, o corpo, a cabeça, a voz. Não fiz nada. Só o deixei ir. E hoje eu me peguei sentada naquela mesma areia, no mesmo lugar, esperando-o. Ele não foi. Não entendo a minha ponta de decepção com isso, posto que ele não sabia que deveria ir. Deveria, poxa. Lógico que ele deveria. Talvez ele vá amanhã, quem sabe. Eu estarei lá todas as tardes. E se ele não estiver, não tem problema. Gosto do mistério. Gosto de criar pessoas na minha mente, assim elas nunca me decepcionam e as lembranças que eu tiver e/ou criar, serão sempre de algo leve e lindo. E no mais... eu gosto das coisas assim. É. Obrigada por isso. 

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