quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fantasiando

Sabe o que eu acho engraçado? A minha mania de me sentir dona do que eu não posso possuir. Eu nunca vou ter escrito aquele trecho que descreveu minha vida e me fez chorar de emoção nas dez primeiras vezes que li, nem nunca vou ser a compositora da música que eu definiria como “a que me definiu”. Não dá para eu ter pintado aquele quadro que me fez ficar parada analisando cada detalhe, tampouco ter vivido a história que deu origem àquele filme encantador que assisti noutro dia. Mas eu me sinto como se pudesse. E nessa ânsia de poder sem poder, eu sou mais uma hippie nos anos 60 e sou outra jornalista solitária e complicada caminhando pela Times Square. Volto à realidade e por alguns minutos eu consigo ser a estudante de direito sem muitas aventuras mirabolantes na bagagem. Então percebo que pode ser mais divertido, viro na cama e sou a própria amante de Sartre, quando viro de volta já é hora de me aprontar pra mudar o mundo. E mudo. O meu mundo muda. E essa minha mania de mudança chega a cansar justamente por isso, pela constância na própria inconstância, como se na briga pra me transformar um pouquinho a cada dia, eu tenha caído numa metamorfose sem fim. Mas está tudo bem, as coisas estão lindas e eu tenho sorrido tanto. Quero continuar sorrindo com essa mesma vontade. Mas também quero algo novo. Às vezes quero algo hoje e amanhã não o quero mais, aquilo perde o sentido. Vê? Perde o sentido. Quero tudo, o mundo inteiro, você comigo... Quero querer. E quero. Quero entender. Só quero. Tento à toa, mas não importa. Quero continuar desse jeito meio torto e sem jeito, e quero até mudar continuando igualzinha. No fim das contas, eu acho que gosto mesmo de ser assim.

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