Completamente perdida. Duas palavras formando um significado que definia com exatidão os últimos dias da menina. Não sabia para que lado andar, se é que devia andar. Não sabia se devia permanecer ali, inerte, por mais que doesse a angústia da espera. E se as coisas não mudassem sozinhas? E se precisasse mesmo de alguma conduta ativa para que tudo voltasse aos trilhos? Só o movimento de rotação da terra não parecia ser suficientemente forte para fazer tudo voltar ao lugar. Ela não parecia, inclusive, ser suficientemente forte pra tomar alguma decisão relevante. O tempo havia se arrastado de uma forma que seu desgaste físico e emocional era notório. Fazia com que se lembrasse de um poema que havia lido pouco antes de ter agido com inconsequência o bastante para fazer tudo desandar. Sylvia Plath, como de praxe:
"What did my fingers do before they held him? What did my heart do, with its love?"
E agora era tudo diferente... Agora tinha que lutar para reconquistar cada espaço que se fazia vago, cada vírgula da história que ainda deveria ser escrita. Queria encontrar canetas. Mas o outro parecia escondê-las. Luísa estava incerta, incoerente, buscando as suas antigas dúvidas enlouquecidamente. Tudo fugia. O chão sumia, o ar parecia mais denso. Era uma sensação inédita e frustrante. O pior ainda era saber que não havia próximo passo a ser dado, a não ser dar ao relógio oportunidade de girar seus ponteiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário