segunda-feira, 24 de junho de 2013

Saiu da redoma e se escondeu atrás dos muros

De repente. Como tudo em sua vida o era, mais uma vez de repente a verdade alcançava Luísa. E então, no meio desse "de repente", a menina começou a crescer e diminuir, de forma assustadora e que fugia ao seu controle. Havia um considerável tempo em que a moça sempre que olhava aos lados, avistava horizontes cada vez mais bonitos. Eles existiam, os horizontes. Contudo, uma vez que ela diminuia, tal qual Alice em seu País das Maravilhas, percebia que a relva na verdade eram paredes. Milimetricamente organizadas de forma que Luísa não reparasse que estava presa, mas estava. Não haviam chaves. Cada instante que tentava se aproximar dessas paredes, seu tamanho caia ao meio. Cada vez que se distanciava, em contrapartida, crescia o dobro. E, quando grande, era fácil acreditar que era livre, mesmo sem ser. Só aí percebeu os danos assombrosos que sua mente podia lhe causar. Até descobrir que sua liberdade havia sido furtada, sentia que tudo estava em paz e não a perturbava não ir além de onde estava. Todavia, após surgido o conhecimento de agora ter saído da redoma, finalmente, mas estar cercada de paredes, as coisas pareciam não bastar. Toda aquela linda realidade irreal não era mais suficiente. Queria enxergar o outro lado. Não podia. E se desesperava, e gritava, tudo pra dentro. Bolava um milhão de saídas, na desilusão de saber que jamais poderia sair. O mundo que era grande se tornou pequeno. As coisas pareciam oscilar ainda mais que seu tamanho. Então Luísa sentou ali, no meio da imensidão claustrofóbica daquele gramado verde, e abraçou seus joelhos torcendo pra sua constância voltar ao peito e todas as dores irem embora com as brisas. 

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