terça-feira, 9 de julho de 2013

Do que eu não sei controlar

É de uma dor que até a página em branco me apavora. A dor de não saber ou poder expressar, de temer a incompreensão, de derrubar o dominó que consegue levar uma muralha abaixo. Um sentimento que preenche e esvazia ao mesmo tempo, e, achando insuficiente, ainda preenche com doses amargas de incerteza. Revezando entre medo e amor. Mas faz tudo pulsar, sendo contraditório a cada segundo, misturando as lágrimas de alegria às de tristeza, numa espécie de esperança mórbida e doentia. Como se eu ansiasse por uma infelicidade que eu mesmo levanto pra buscar, que eu faço questão de possuir, ainda quando tudo que quero e busco é a calmaria que me foi furtada... e nem sei quando. Tampouco como. No desespero de tentar me salvar dessa onda forte que me derrubou e desnorteou, as águas do meu oceano privado nunca foram tão escuras, nem as noites tão gélidas. O desespero me entorpece, de modo que não nado, mantenho-me inerte, fico a observar se algo muda ao meu redor e se, misteriosa e milagrosamente, eu alcanço a superfície domada pela segurança que um dia senti em mim mesma. Foi junto da calma. Agora, sem ter ao que ou a quem recorrer, com o coração espremido na palma da minha própria mão, fico perdida dentro desse masoquismo de imaginar como seria se eu tivesse coragem de testar atalhos na minha estrada. Tenho tanto medo de errar a direção que fico onde estou, observando de longe, como se eu fosse duas, minha outra metade caminhar para o abismo que mais consegue me fascinar. 

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