quinta-feira, 3 de junho de 2010

Nota do autor

Há aproximadamente um ano atrás eu desenvolvi uma tese a respeito do tectonismo existente no sentido humano, não só geográfico. De como funciona o mecanismo da sociedade e do distanciamento das pessoas, algo infantil e que pode vir a parecer cômico, e o é. Mas que, se olhado profundamente, justifica muita coisa que nem a psicologia, nem a psiquiatria, nem tampouco a ciência em um âmbito geral seria capaz de explicar.

A teoria

Eis que vivemos numa sociedade suja e fechada, cada um é seu país, sua nação. Características próprias, sejam essas culturais ou geográficas, que poderíamos facilmente entender como o interior e o exterior de cada indivíduo. Passamos a vida inteira ouvindo diversas teorias de como surgiram os continentes, tendo em base a Pangea, tudo cria sentido.

Nos primórdios da humanidade, onde havia os clãs de homens ainda primatas, éramos mais unidos. Trabalhávamos por igual e aproveitávamos cada lugar ao máximo, por sermos nômades. Usufruíamos de tudo que aquele espaço tinha a nos oferecer e só o deixávamos quando não dava mais para o sustendo da comunidade como um todo. Justos. Iguais. Verdadeiros irmãos.

De acordo com o desenvolvimento da comunidade, foram surgindo as primeiras brigas e desenvolvimentos, agora os clãs eram muitos e viriam a formar a sociedade atual. Deixamos de ser nômades e com o tempo passamos a ser sedentários, não partíamos mais de um lugar a outro quando os benefícios de uma determinada área acabavam, agora plantávamos, colhíamos e vivíamos fixamente na mesma área.

Antes que isso comece a parecer mais com uma aula de história do que um texto sobre os distúrbios de personalidade que ocasionaram a grande diferenciação comportamental do ser humano primitivo em relação ao atual, quero dizer que serei breve.

A Pangea foi aos poucos se repartindo e repartindo de novo, onde criaram-se os continentes e, futuramente, os países. Foi havendo um distanciamento entre os povos e adquiriram culturas diferentes. Pré-história, antiguidade, idade média, idade moderna e finalmente a contemporânea. O que dizer?

Como os continentes foram se formando? De acordo com o movimento das placas tectônicas, não? Distanciando-se cada vez mais e ocasionando diversos problemas quando suas sub-partes se chocam. Terremotos...

É justamente isso que eu entendo dos seres humanos. Antes éramos um grupo unido, sem diferenciações, todos tidos como iguais. De acordo com o tempo o “tectonismo” foi nos distanciando e passamos a ser continentes. Entendemos por países de um mesmo continente pessoas com os mesmo ideais, que tendem a se aproximar. Todavia, se as placas tectônicas se chocarem, haverá um abalo sísmico que os distanciará novamente, ou ao menos tornará incômoda a situação. Tal qual nos sentimos quando temos a nossa intimidade invadida por alguém, por mais que esse alguém seja próximo.

Limitamos as pessoas com relação a nós. Distanciamos dos diferentes, aproximados dos iguais. Mas tudo só até um determinado ponto, pois chegará um momento em que aquela proximidade não mais lhe fará bem e você sentirá uma necessidade de se isolar.

Cada um em sua ilha, e eis que surgem os arquipélagos da individualidade*, onde somente haveriam ilhas que, devido às placas tectônicas, ficariam cada vez mais distantes. É a raiz do problema, cada um em sua ilha e assim formamos um arquipélago, características semelhantes e o mesmo motivo de distanciamento em comum.

Ilhas parecem, mas nunca são iguais. Algumas podem ter uma maré brava ao redor e deixar-se inundar em um determinado horário. Outras, podem ter diversos tubarões por perto, de modo que ninguém possa chegar até lá, a não ser que venha bem preparado. Mesmo bem preparado, no melhor dos barcos, pode não conseguir se adentrar ao que realmente importa na ilha, ao centro da mesma, ou talvez ao vulcão beirando erupção que aquela possua, já que possuirá feras que não permitirão nada além de um conhecimento superficial.

Outras, entretanto, facilmente serão encontradas e mais facilmente ainda adentradas. Por mais que seja triste admitir, só isso que somos. Da mesma forma como nos aproximamos, nos distanciamos. Não que não tenhamos sentimentos, não que não consigamos aproximar-se dos outros. Mas a aproximação é difícil, nem sempre duradoura e sempre vai ter seus limites.

Desculpa por não conseguir expor da maneira como queria ter exposto, mas me diz: que tipo de ilha você é?

*Créditos a Murilo pela denominação.

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