quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Would you still love me tomorrow?

Por favor, não leve a mal. 
Eu só quero que você me queira, não leve a mal.


- Você ainda me ama?


- Você sabe.
- Não venha discutir comigo o que eu sei ou não, responda a minha pergunta.
- Isso não foi uma tentativa de discussão, só não quis repetir algo óbvio.
- Acho que o óbvio é que você não me ama mais.
- Você sabe que não.
- Já falei que eu sei o que sei. Você quis dizer que não me ama ou que não é óbvio que não me ama?
- O que?
- É?
- É o que?
- É isso mesmo. Simples e prático: Você ainda me ama ou não.
- Amo. Claro.
- Não, não é claro.
- Claro que é claro.
- Se fosse verdade, seria algo óbvio.
- É algo óbvio.
- Não, não é! Se fosse óbvio, eu não teria dúvidas.
- Você não tem motivos para dúvidas.
- Você não conhece o meu universo.
- Então me deixe conhecer.
(...)
- Não é assim, amor.
- O que há de errado nisso?
- Justamente isso.
- Não é assim o amor.
- Exatamente isso.
- Isso o que?
- Você.
- Eu que estou errado?
- Não, é, sei lá.
- Você quer me culpar.
- Não.
- Eu não perguntei, afirmei.
- É justamente isso.
- Não agüento mais.
- Por que você é assim?
- Você quer que eu mude?
- Não dá mais.
- É o fim?
- Não. Falei que não dava mais para mudar.
- Por que não daria?
- Porque a gente é assim, porque é tarde demais.
- Nunca é tarde demais.
- Agora é.
(...)
- Me beija?
- Não.
(...)
- Pára com isso, Paulo!
- Parar com o que?
- Com essa ânsia de tentar resolver as coisas assim.
- Assim como?
- Com um beijo.
- O que há de errado em eu querer te beijar?
- O errado não é você querer me beijar, é você querer que um beijo resolva toda uma crise.
- Eu só quis ser carinhoso.
- Esse é o problema.
- Eu sou o problema?
- Não, você é o erro.
- Como assim?
- Você é o meu erro, eu devia saber que não era certo.
- Você não gosta mais de mim.
- Eu te amo.
- Não é o que parece.
- É a verdade.
- Nós dois sabemos que não é.
- Eu te amo.
- Pára com isso, Ananda!
- Com o que?
- Um “eu te amo” não resolve nada.
- Foi sincero.
- Meu beijo também era.
- Vai ser assim agora?
- Assim como?
- Vamos ficar medindo forças até o amanhecer?
- Até você achar que devemos.
(...)
- É isso.
- Isso o que?
- Sempre vai ser minha culpa, cada minuto de briga vai ser minha culpa.
- Hã?
- Por que você não põe um ponto final nisso de uma vez?
- Na briga ou na gente?
- No que você preferir.
- Não é assim.
- E como é então?
- Essa não é uma decisão que eu deva tomar sozinho.
(...)
- Vá embora.
- O que?
- Cansei.
- De mim?
- Disso tudo. Cansei.
- Então era isso.
- Você esteve esse tempo todo esperando a oportunidade de falar que não me ama.
- Eu te amo.
- Então por que tu me mandas embora?
- Porque eu cansei de sofrer com você, por você.
- Sem mim e por outrem é melhor opção?
- Poupe-me.
- Vá embora.
- Essa casa é minha.
- Essa casa é nossa.
- Vá embora, por favor.
- Vamos juntos.
- Não, já chega!
- Eu não vou a lugar nenhum sem você.
- Você vai sair dessa casa agora e não vai mais aparecer na minha frente.
- Eu saio ao seu lado. Só assim.
- Então fica, amor.
- Você quer que eu vá ou que eu fique?
- Eu quero que você me ame.
- Eu te amo, porra!
- Assim?
- Hã?
- Esse é todo o seu amor?
- Todo o meu amor é seu.
- Foi meu?
- É seu.
- Eu não quero mais o seu amor falso.
- Eu não quero mais ter que agüentar isso.
(...)
- Me dá um beijo.
- Certo.
(...)
- Você ainda me ama?
- Isso é algo que não muda.
- Ama ou não?
- Amo. Sempre.
- Melhor assim.

Um comentário:

  1. Pois é querida V., como sempre, a cada dia, hora ou minuto que passa, eu me impressiono mais contigo. Me impressiono com sua habilidade com as palavras, as histórias e cenários, enfim, com sua forma de escrever. A cada momentos desses que passam, eu percebo que isso tudo são apenas pequenas gotas nesse imenso oceano, que é você. Vejo que você tem muito potêncial, talvez potencial não seja a palavra certa. Contigo é diferente, talvez seja 'Dom'.

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