terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ah, se eu pudesse entender o que dizem seus olhos

Não adianta. Você pode ser frio, indiferente, despreocupado, despretensioso, desinteressado, autossuficiente, sentir-se totalmente independente e descompromissado, mas sempre haverá alguém que vai conseguir tirar você do sério. Arrancar tua sensatez com um sorriso. E te desnudar até mesmo com um olhar rápido.  Sempre tive essa mania boba de achar que era inabalável. Foi aí que o risco surgiu. Quando a gente acha que já viu de tudo e já conheceu todo tipo de pessoa, aparece justo aquela que você não decifraria nem com a melhor das enciclopédias.  Era tudo desafio, e eu sempre gostei de ser desafiada.  Naquela manhã o trânsito estava ainda pior que nos outros dias. Demorei a chegar em casa, não devia sequer ter dormido fora. Subi a escada com meus passos rápidos de quem sabe que é tarde demais e nunca acredita que é tarde demais. Abri a porta sem conseguir pensar noutra coisa. A cabeça a mil. Inundada pela sensação desesperadora de não saber definir o que se sente. Deixei um pedaço meu naquela casa, isso eu sabia. Peguei o celular e vi a quantidade assombrosa de chamadas perdidas, continuei ali: pensando e com um sorriso no rosto, daqueles sorrisos que você dá quando percebe que tá perdido e não faz questão de se reencontrar. O rapaz... Ah, o rapaz tinha um jeito manso, feito protagonista de filme francês. Era tudo que eu conhecia dele.  E a história? Não tinha história. Tinha ele, tinha eu, e só. Aquilo me consumia desde o primeiro momento. Eu não sabia o que esperar. Eu até hoje não sei se devo esperar alguma coisa. Porém, eu não consigo fugir. Até consigo, mas não quero. Eu adio para amanhã, depois de amanhã, semana que vem.  Nesse meio tempo, gosto de te esperar chegar. Gosto de olhar teu perfil desse ângulo da cama. E fingir que entre eu e você existe um "nós".

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