quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Setembro, meu bom setembro.

...além dos meus cubos de brasa

E depois de todos os cafés, conhaques, vinhos e calmantes sugeridos por Caio Fernando, agosto finalmente passou. Passou e levou consigo ao menos metade do negro destas nuvens. A outra metade? Já dizia o meu amigo Murilo: talvez sejamos nós que tenhamos essa mania feia de colorir.

Quando eu acordei ontem, que lembrei que setembro já havia começado, foi involuntário, mas senti uma pontada de esperança. Interessante como o desespero nos faz ter fé em cada besteira, nos apegar a cada tipo de ilusão... mas dizem que a fé tem efeito positivo no nosso psicológico, não é?

Primeiro de setembro, para mim, é dia de reflexão. Refletir sobre tudo que aconteceu em agosto, julho, junho, abril, dezembro, setembro passado... tudo. E principalmente sobre o agora, sobre esse agora que tanto me assusta, talvez até mais do que o que passou. Não reclamo, embora tenha motivos. Por ser fruto dos agostos e de tantos outros meses, cada vez o meu mundo se parece mais com a minha xícara de café: forte, amargo e sem nada para adoçar.

Foram os agostos que me construíram, toda essa estrutura sustentada por pilares de areia, todo esse conjunto de máscaras. Todas essas Vanessas que eu sou, sendo que a que menos pareço ser, é a única que sou de verdade. E essa confusão, uma bagunça interna que há tanto eu venho tentando organizar e talvez erroneamente, pois não observo progressos. Ao contrário, parece que a poeira vem tomando de conta do pouco que restava em seu lugar, daquela última fileira de livros da prateleira, a única em ordem. Não mais.

E não mais tenho minhas certezas, não que já houvesse tido tantas, mas minhas opiniões vão oscilando, minha essência se perdeu dentro do monstrinho que me tornei, como se houvesse uma névoa que me impedisse de observar tudo que eu fui e de balancear com o que sou, e como se todos os dias eu tivesse que nascer de novo, criando-me e recriando-me, cada vez mais diferente da original. Como se tudo que eu vivesse fosse uma farsa, e essa idéia me machuca e incomoda numa intensidade indescritível.

Sinto falta de mim, mas também não me busco mais. Aquela Vanessa ficou em algum agosto para trás, não nesse, mas num agosto distante, tão distante que eu não seria capaz de lembrar e voltar pra pegar, não sei se quero também. Todo esse gelo que há aqui dentro me faz um mal enorme, queima feito brasa, como fogo. Consigo me ver dentro dele, mas não tenho a coragem necessária de pegar aquele pedaço de mim que queima dentro desse cubo de gelo que incendeia de forma singular.

Depois vem essa misantropia, esse café, esse meu quarto úmido e esse edredom. Essa vontade de não sair daqui, o meu ninho, onde me sinto melhor. Mas essa certeza de que todo esse egocentrismo não vai fazer de mim diferente, do meu setembro diferente. E, meu Deus, é setembro. Hora de tentar fazer tudo novo, de fazer dar certo. De sair dessa cama e acordar pro mundo, não para o meu mundo, mas para esse mundo que gira fora daqui, fora de mim, independentemente da minha vontade ou não.

Um bom setembro a vocês, aproveitem que a primavera só começa uma vez no ano. Vão em busca das suas flores, vão sorrir, chorar, abraçar, brincar, lutar e seguir adiante. É a única e melhor saída que eu posso encontrar para mim.

Um comentário:

  1. Por que a marcação com Agosto?

    Ouvi dizer que seu amigo Murilo adorou a citação. "Eu te juro: pode acreditar nos rumores."
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    Olha, dizem que desejar os parabéns antes da data certa, traz azar. E por pura precaução, eu te peço uma coisa:

    Faz de conta que no dia 7, que é aniversário do eterno E QUANDO ME PERCO - ME ACHO, chegarão meus parabéns. Infelizmente não poderei fazer a entrega pontualmente, por isso eu lhe peço, Van, que deseje os parabéns por mim.

    Um beijo.

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