segunda-feira, 18 de abril de 2011

Aonde isso vai parar?

Só para relatar minha indignação quanto a outro assassinato embasado na coragem que uns têm de ser quem querem ser. Para que a morte de Daniel de Oliveira, homossexual, travesti, seja lembrada. Assim como a de Gilberto. E deixo aqui além da minha súplica por um mundo mais justo toda a minha revolta com a impunidade e o descaso das autoridades em relação a estes criminosos. Uma súplica também à diminuição da maioridade penal! Quem tem coragem de assassinar brutalmente um outro ser humano não deveria apenas ser "encaminhado a um abrigo provisório", do qual sairá num espaço de tempo tão breve que nem sequer dará tempo de refletir sobre o peso da culpa pelos seus atos, da sua própria maldade.

Deixo a seguir a letra da Balada de Gisberta, música de Pedro Abrunhosa, maravilhosamente interpretada pela Maria Bethânia. Para quem não conhece a história, a música foi elaborada com base na triste morte de Gilberto, também travesti, torturado e assassinado por monstros.

Composição : Pedro Abrunhosa


Perdi-me do nome,
Hoje podes chamar-me de tua,
Dancei em palácios,
Hoje danço na rua.
Vesti-me de sonhos,
Hoje visto as bermas da estrada,
De que serve voltar
Quando se volta p'ró nada.
Eu não sei se um Anjo me chama,
Eu não sei dos mil homens na cama
E o céu não pode esperar.
Eu não sei se a noite me leva,
Eu não ouço o meu grito na treva,
E o fim vem-me buscar.
Sambei na avenida,
No escuro fui porta-estandarte,
Apagaram-se as luzes,
É o futuro que parte.
Escrevi o desejo,
Corações que já esqueci,
Com sedas matei
E com ferros morri.
Eu não sei se um Anjo me chama,
Eu não sei dos mil homens na cama
E o céu não pode esperar.
Eu não sei se a noite me leva,
Eu não ouço o meu grito na treva,
E o fim vem-me buscar.
Trouxe pouco,
Levo menos,
E a distância até ao fundo é tão pequena,
No fundo, é tão pequena,
A queda.
E o amor é tão longe,
O amor é tão longe… (…)
E a dor é tão perto.

Paz!

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