quarta-feira, 13 de abril de 2011

Desventuras em série

Bom dia! Bom dia pra você que teve insônia a noite inteira e não conseguiu tirar da cabeça um só minuto o quanto sua vida estava ao avesso e o quanto o vazio que você sentia se fazia aparente. Pra você que perdeu a hora hoje de manhã, devido à noite mal dormida onde você ainda tinha esperança de que as coisas iriam mudar, e quando ligou o chuveiro apressada descobriu que estava faltando água – vale constar, só no chuveiro – o que fez com que você se atrasasse ainda mais.

Bom dia para você que chegou nervosa da faculdade, com dor, de cabeça, no corpo, na alma, prendendo o choro e prometendo a si mesma que ia ser forte. Mas que poucos minutos depois foi abrir a porta e se deparou com o seu pai – que andou dezenas de quilômetros só pra conversar com você – chorando como criança e precisando que você fosse forte de verdade pra conseguir ajudá-lo e se ajudar ao mesmo tempo. Bom dia pra quem teve uma conversa séria com a pessoa que mais ama na vida e descobriu, depois de quase 19 anos, que o medo que te aflige não é só seu, que as coisas estão mais de ponta à cabeça do que tu poderias ter imaginado na noite anterior, que uma farmácia repleta de analgésicos e anti-depressivos não seria suficiente para abastecer uma só família, e essa família é a sua.

Pra você que chorou, abraçou e pensou que talvez aquilo ali pudesse selar um pacto só seu com aquele outro, onde a relação de cumplicidade só cresceria e a confiança que um já depositava anteriormente noutro só tenderia a tomar proporções gigantescas, o que seria a primeira notícia boa em muito tempo. Entretanto, nem tudo são flores. E num dia em que já havia acontecido UMA coisa boa e numa vida cuja dona é VOCÊ, tu não poderias contar com a sorte por mais de meia hora.

Falam que é sempre bom abrir os olhos, não é? Talvez não seja tão bom assim, embora lá no fundo aquilo tenha servido de algum modo como lição. Ver seu ex-namorado que até dois dias atrás lhe jurava amor eterno com uma antiga rival. Difícil mesmo é segurar toda essa barra, morrendo de cólica e de salto alto.

Ao chegar em casa, com o intuito de desabar numa cama e tentar descansar e desopilar o máximo possível, você nota que o seu apartamento está A-LA-GA-DO, já que tu esquecestes o chuveiro ligado – quando faltou água - e o ralo tampado. Os bons afogam as mágoas literalmente.

Eis que peço uma coisa: se existir alguém no mundo com uma falta de sorte ao menos semelhante a esta, manifeste-se. Faça com que uma alma possa ter um pouco de paz ao criar a ilusão de que tudo isso pode ser algo humano, enfim... Desistir da vida é tentador, mas “você” é indecisa demais pra tomar alguma decisão irreversível e ainda tem fé que um dia as coisas vão melhorar, no dia em que você terminar de pagar os pecados das suas 87235651 reencarnações anteriores, incluindo a de quando você foi Adolf Hitler. É a única justificativa plausível.

E imploro outra: Deus, Buda, Allah, conjunção da lua em saturno e todas as outras possíveis na astrologia, cartas do tarot e magia branca ou negra: dêem-me paciência e sagacidade para lidar comigo mesma e com todo o resto, iluminem-me com uma capacidade (mesmo que seja mínima) de não parecer um robô ao oferecer um ombro amigo. É tudo o que eu preciso para conseguir seguir adiante.



Still holding on to find solid ground. Someday. Maybe, not so soon.

Quantas cicatrizes, por dentro e por fora, eu ainda vou ter que carregar comigo?

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