sábado, 5 de setembro de 2009

É

Um prato, um batido de talheres, uma discussão... Logo após: um choro. Um choro baixo, quase imperceptível. São oito e meia da noite, eu acabei de voltar do jantar... Não tive ânimo o bastante para terminá-lo. Tristeza e melancolia.

Depois, ela sai da mesa, cabisbaixa, calada. E eu, perco completamente a fome. Ele faz um comentário: “se eu já tivesse morrido, seria mais feliz agora.” Eu continuo em silêncio, prefiro só ouvir. Não tomar partido sempre é melhor, ou quase sempre.

O que é sempre a mesma coisa, é aquela seqüência estúpida de “se isso, se aquilo”. É cansativo, ou melhor: exaustivo. Eu ouço, apenas ouço. Negócios, lojas, fábricas, fazendas, será que realmente nos levaram a algum lugar? Eu queria ajudar a chegar a uma solução, mas minha opinião não vale de muita coisa aqui, se é que você me entende.

Então eu entro, vou pro meu quarto, ligo o computador. Pego alguma coisa para ler, mas a mente fica muito longe nessas horas. Ouço uma música, tento tirar da cabeça a imagem da lágrima dela, dos olhos apavorados, dos olhos de quem não é feliz.

Acabo lembrando a expressão de raiva que ele faz, aquela prepotência e arrogância. Ele acha que ele é o sabe-tudo e que ninguém é páreo para ele. As coisas não são assim, só ele não nota, mas elas não funcionam dessa forma, e ele não é o centro do universo.

Eu fico imaginando o que passa na cabeça de cada um. Meu irmão é apenas uma criança, e fica calado, assistindo a tudo. Eu o acompanho nessa divertida programação.

Parece que cada um reage de um jeito, pensa de um jeito. Mas no final de tudo, todos se sentem da mesma forma: infelizes. Um sorriso sincero não é uma coisa tão comum assim, afinal.

O olhar fica longe, perdido. Pairando, procurando algum ponto fixo para se olhar, de uma forma que não incomode os outros, mas é difícil e complicado. Só entende quem vive.

Enfim, eu pego minha bolsa. Sempre tem remédios bons por lá. Eu tomo alguns, dor-de-cabeça, geralmente. Quanto maior a briga, maior a dosagem. E assim vou vivendo, quem sabe um dia eu tome a quantidade necessária.

“Eis um fato: você vai morrer.” – Markus Zusac

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